quarta-feira, 18 de abril de 2012

Reencontro

FOTOS DA CROÁCIA
 


Antes de me perder no seu olhar
Perguntei a cigana
Quem era você
Ela me contou
Que nós íamos reviver uma grande paixão 
Que o nosso amor era de sempre
Que em cada vida
marcávamos um novo encontro
Entre o céu e o mar
Rescrevíamos as nossas histórias
Multiplicada várias vezes como as estrelas
E assinalávamos o caminho do regresso
Em cada alvorada
Entre a noite e o dia
Entre a vida e a morte
Em cada horizonte
Ao por do sol
Viajávamos juntos sempre com as estrelas
Para o infinito 
Retornávamos unidos para sempre
Entrelaçados como amantes
Mas inseparáveis na morte e na vida 
Voltamos sempre para viver a nossa grande história de amor
Uma vez eu fui uma africana
Com a pele negra e lisa
Lábios grossos e um sorriso acalentador
Cabelo crespo e um turbante na cabeça
Um vestido iluminado com tantas cores 
E os olhos profundamente negros
E com um andar de onça felina
E você era um homem branco
explorador europeu
De pele clara
De olhos azuis
De cabelos dourados
Com traços finos e bem marcados
Que atravessou o mar 
Em  busca de riqueza e diamantes
Mas se encantou 
com beleza da mulher negra e amante
E ali você ficou....
As vezes chocávamos as tradições
Desafiamos o clero e a filosofia
Fomos para sempre Aberlado e Heloisa
As escondidas nasceu Astrolábio
Mesmo sendo noviça e você padre
Vivemos um dos amores mais eterno
E os nossos corpos selaram a nossa união na Catedral Notre-Dame
Que ficou gravado para sempre nas estrelas e no sepulcro
Uma vez enfrentamos famílias em guerras
Ódio de permuta 
Vivemos a mais trágica das tragedias 
Que já foi  visto nos palcos 
Me chamavam de Julieta 
E você de Romeu
Decidimos vencer o ódio
Entregando as nossas vidas a eternidade
E morremos mais uma vez nos braços um do outro
Para todo o sempre
Uma outra vez 
Continuou a cigana
Que lia minha mão e olhava para os astros
Você me perpetuou
como Imperador shah Jahan mandou
construir para mim 
o mausoléu Taj Mahal em cima do meu tumulo
Como sendo a maior prova de amor
Que o mundo um dia já conheceu
Eu também fui uma Lady Marian
 aristocrata e nobre
E você um ladrão dos bosques
Um fora de lei
Que roubava os ricos para doar os pobres
E o mundo te conheceu como  Robin Hood 
Um grande herói
Já fizemos parte da historia 
E o nosso amor já mudou os destinos
Ou compromissos que tinha sido jurado por reis e rainhas
Como Isolda e Tristão
Os dois acidentalmente bebem uma poção de amor mágico
E isso que as pessoas pensam
Mas nós nos apaixonamos perdidamente no primeiro olhar
Afinal era um reencontro 
de varias vidas
Alucinadamente não poderíamos viver sem um e o outro 
E escandalizando a todos
Com nossos encontros proibidos como amantes
Mas decidimos  se entregar a morte 
Para viver a nossa historia em outras vidas
Mas já fomos homem e mulher apenas
Pessoas comuns
Com histórias comuns
Que foram somente felizes
Como vai ser agora
exclamou a cigana


autora: Isabel van Gurp


Fotos de Amsterdam



















quarta-feira, 4 de abril de 2012

Asfalto do meu ser


Hoje eu subi bem alto

Na alegria  do meu asfalto
As pegadas das multidões
Que se  confundem  nas calçadas
Eu segui na
Difusões do sons
Das sirenes que embaralham
O meu ser vandálico
Como as buzinas que compõe musicas
Que se ouvem em todas as partes
O ruido é confuso e ensurdecedor
Mas a  poluição sonora
Abastece meu corpo de energia e dor
Me sinto eu
Como nunca e agora
Vejo letras tumultuadas
O excesso da comunicação
Da poluição visual
E quasimodal
Das palavras que cegam
meus olhos
Mas me faz sentir gente
Respirar esse ar poluído
Eu gosto
O corre corre sem tempo
Que no contratempo
Esbarram na alegria de ser
Foge do estar
Encontra moribundo entre os meus
Hoje eu desci bem baixo
Na tristeza do meu asfalto
Vi suas cales poeiradas
Os miseráveis que vivem
Das suas sobras
Dos restos do nada
O martírio de quem não sabe
Para aonde ir
E não tem ninguém para contar
Que são atropelados
Pela abundancia cega que correm pelas calçadas
Sem tempo para estar


Que se afogam nos vícios 


E são nobre pelas suas migalhas
Hoje caminhei no acalento do meu asfalto
Senti o suor dos corpos
Que lutam pelo seu dia dia
Me assustei com os espigões
E suas posturas diante da vida
Fugi da exuberância
Que corriam numa só direção
Desviam do estar
Mas queriam ser eu
Hoje eu contemplo  profundamente a tristeza do meu asfalto
Corro com olhar de pesar para os ninguém
Que estendem as mãos
Para as migalhas
Do resto
Do nada
Dos moribundos que querem e precisam seguir
Porque eles estão entre as multidões
Que passam por mim
Sem perceber que eu sou alguém


autora: Isabel van Gurp









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