Fugir de mim,
fingir por ti,
sofri por nós.
No meu olhar
existem palavras
que eu não posso te dizer.
No meu gesto
há uma expressão
que eu gostaria de confessar.
Na minha saudade
vivem instantes que não vivi,
histórias que não contei,
momentos que não compartilhei,
desejos que calei
dentro de mim.
No meu coração
existe um amor
que eu não posso te entregar.
Fugir de mim,
fingir por ti,
sofri por nós.
No meu contemplar
há lágrimas
que nunca foram derramadas.
Nos meus lábios
um frase que não foi dita,
uma história que não encontrou voz.
Nos meus braços
mora um calor
que eu desentranhei.
Na minha alma
há um gozo
que eu nunca dividi.
Na minha cama
um prazer adormecido,
um sussurro que nunca fiz nascer.
Fugir de mim,
fingir por ti,
sofri por nós.
No meu destino
houve um caminho
que eu mesma desviei.
Na minha vida
restou a insatisfação
de não ter vivido
aquele olhar,
aquela palavra,
aquele momento,
aquele gozo,
aquele gesto,
aquele amor.
Enfim,
perdi.
Fugir de mim,
fingir por ti,
sofri por nós.
Autora: Isabel van Gurp