Não quero ser a primeira
quero ser a última.
A última a tocar tua pele,
a última a guardar teu nome no peito,
a última a incendiar teus desejos
e a apagar tuas sombras.
Não me importa quem veio antes
nenhuma delas existe
onde o meu amor respira.
Quero o que ainda não viveste:
o futuro silencioso,
a história inédita,
o abraço que dura mais que o tempo.
Que tua vida encontre repouso na minha,
que teu coração se acostume ao meu ritmo,
e que tudo que fomos um dia
se transforme em nós.
Quero ser a última
para ser, enfim,
a primeira a te fazer eterno.
Quero Ser a Última
Não quero ser a primeira,
nem a segunda,
nem a sombra de quem passou.
Quero ser a última
a que fica na tua pele
quando o desejo amanhece,
a que teu corpo procura no escuro
antes mesmo de acordar.
Quero ser o fim inevitável
de todos os teus outros começos,
o ponto final que vira travessia,
a fome que só existe
quando é minha.
Que meus lábios sejam
a lembrança que não se apaga,
que tua pele saiba de cor
o caminho até mim.
Quero ser a última
para que teu corpo inteiro
aprenda meu nome
em silêncio,
em gemido,
em eternidade.
Quero Ser a Última
Não desejo ser a primeira
quero ser a que fica.
A última mão que tu procuras,
o último abraço que te abriga,
a última voz que te acalma
quando o mundo falha.
Quero ser teu descanso,
teu porto, teu riso fácil,
o lugar onde o tempo se deita
para respirar.
Tudo o que veio antes
se dissolve no vento
porque contigo,
eu descubro o que não sabiam dar:
o amor que permanece.
Quero ser a última,
aquela que o destino escolhe
para ser casa,
para ser rumo,
para ser história.
E, sendo a última,
me torno sempre
a primeira
a te amar.
Não quero ser a primeira.
Primeiros passam,
primeiros doem,
primeiros morrem.
Eu quero ser a última
aquela que o tempo não apaga,
que nem o silêncio desfaz,
que fica gravada em ti
como uma cicatriz de fogo.
Quero ser a última voz
que teu coração reconhece
antes de qualquer queda.
A última pele que te salva,
a última verdade antes do abismo,
a última luz quando tudo escurece.
Não quero dividir tua memória,
não quero ecoar entre as sombras.
Quero ser a última
porque só os últimos
permanecem
no que resta do amor
quando o resto do mundo
já foi embora.
Autora: Isabel van Gurp