sábado, 25 de maio de 2013

Mesma Maré



Somos da mesma maré,
separados pelas correntezas
dos mares que dividem os oceanos,
mas que seguem no mesmo corpo d’água,
alimentados pelo mesmo sal.

Somos da mesma onda
que leva, com força, a existência,
que transforma o destino,
que cai nas areias movediças da vida
e se refaz em espuma.

Somos da mesma correnteza
que move o mundo
em noventa graus,
que transforma fronteiras
num jogo de terra,
de guerra,
de serra.

Somos da mesma água
que pinta o planeta com o azul do céu.
Somos da mesma terra,
iluminados pelo mesmo sol
que gira em torno de todos nós,
nutridos pela mesma fonte,
banhados pela mesma maré.

Arrastados pelas mesmas ondas,
entre diferentes belezas
que vão e vêm,
dividem os oceanos,
levam as terras para longe
e nós também.

Criam fronteiras,
barreiras,
distâncias,
mas tudo permanece
no mesmo globo terrestre
que chamam de universo.

Por isso, irmãos
entre a água,
o mar
e o ar
olhamos a mesma lua
nas noites em que o sol
parte para o outro lado do véu.

Aqui é noite,
lá é dia,
mas seus raios se encontram nos cosmos,
trazendo a mesma energia.

Somos da mesma água
que corre em nossas veias,
do mesmo sal que forma nossas lágrimas,
da mesma terra
que faz o planeta azul no céu.

Somos da mesma maré.


Autora: Isabel van Gurp








O dia da rainha, também é o dia da feira livre. 



 

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Código do olhar




 

A magia das tulipas me fazem viajar
Nesse encontro que me deixa perdida
pelo um olhar








Tente acabar com o silêncio
que está entre nós.

Havia tantas palavras
que transbordavam pelo nosso olhar.
Palavras que poderiam ser ditas em murmúrios,
mas escolhíamos o silêncio dos olhos
para falarmos em código morse 
nosso código,
nosso sinal secreto,
enviado pelo olhar intermitente do amor.

As palavras eram ditas por um olhar,
um sorriso,
um gesto.
Eram compreendidas
como a expressão mais pura da alma.

Nosso amor era falado
sem palavras,
com apenas um entreolhar.
Dizíamos o que os lábios
não ousavam pronunciar.

Éramos amigos,
amantes.
Com um olhar,
fazíamos promessas...
fazíamos amor.
E nos perdíamos, loucamente,
nos desejos do nosso código.

Tente acabar com o silêncio
desse olhar
que perdemos em algum lugar.

Poucas vezes usávamos
palavras, frases, gritos...
Para quê,
se nos entendíamos
com apenas um olhar?

Falamos agora,
mas pouco nos olhamos.
Palavras, frases e gritos —
parecem ser tudo o que sobrou.

Nosso código morse se perdeu
nos palavreados da vida.
O que restou foi o silêncio 
não o das palavras,
mas o do olhar.

As palavras de agora
pouco dizem.
Dói ouvi-las dos teus lábios,
quando teus olhos
nunca as disseram.

Não posso reencontrar teu olhar.
Nem o meu.
Eles não se cruzam 
estão perdidos.

Que houve com o silêncio
que me fazia tão feliz?
Que houve com o nosso olhar,
com o nosso código,
que guardava tantos segredos
e fazia tantas promessas?

Tente fingir que não houve uma história,
que não existem fotos
ainda guardadas nos armários 
talvez amareladas,
mas vivas,
ainda cheias de lembranças.

Nelas, ainda se pode ver o olhar 
o meu,
o teu.
As fotos revelam
o que as palavras não podem contar:
o mesmo olhar
que me fazia tão feliz.

É esse que eu busco agora 
no teu olhar.

Não uses palavras para me dizer adeus.
Prefiro que o faças com um olhar.
Porque nesse,
eu sempre acreditei.

Se há silêncio nele agora,
quebra-o.
Com um último olhar 
para ir embora.


Autora: Isabel van Gurp