Em todas as manhãs,
encontro teu olhar.
Desperto nos teus olhos,
que se abrem ao encontrar os meus
e, silenciosos, me dizem:
bom dia.
Em todas as noites,
tuas mãos procuram as minhas,
e adormeço nos teus braços
acolhida, aquecida,
ouvindo teu murmúrio dizer:
boa noite.
Nas noites frias,
meu corpo busca o teu,
e o calor que vem de ti
derrete o inverno em mim.
Não existem noites frias ao teu lado.
Nos dias tristes,
bebes minhas lágrimas com teus lábios
e dizes, sorrindo,
que minha água é doce.
Meu pranto se dissolve em tua boca,
meu coração se acalma.
Na distância de algumas horas,
telefonas só para ouvir minha voz
porque te preocupas,
porque sentes saudade.
E eu, comovida,
volto correndo pra casa,
pra ti.
Quando brigamos,
te tornas amigo,
ficando do meu lado,
me dando razão
só pra me ver sorrir.
Nos sonhos,
realizas meus desejos,
meus quereres,
minhas vontades,
e te sentes completo
ao me ver feliz.
Viajas pelo meu corpo
como quem descobre paraísos.
Em cada passagem,
encontras uma nova fonte de prazer.
Teu sussurro é avassalador.
Me faz menina.
Te faço homem.
Tuas flores alegram meus invernos,
e na primavera caminhamos pelos campos
para ver as tulipas nascerem
com as cores do sol.
No verão,
pedalamos de mãos dadas,
sentindo na pele
os raios quentes da vida.
No outono,
sentamos nos parques
para ver as folhas caindo,
ouvir as palavras do vento
e o arco-íris que surge no infinito.
E assim,
em cada estação,
em cada gesto,
envelhecemos juntos
como a terra que gira sem parar,
que move o chão,
e cede espaço
para nascer mais um dia.
Desperto,
olho teus olhos,
e eles me dizem outra vez:
bom dia, meu amor.
autora: Isabel van Gurp