
Vestida em lágrimas
Troquei minha roupa.
Coloquei um sorriso cínico
e um outfit irônico.
Vesti-me de cruel.
Tirei os sapatos cristalinos,
O sorriso doce da cara.
Pintei as minhas unhas felinas
e passei a usar
óculos escuros
para esconder minha alma.
Sim, me tornei a vampira
que nasceu dentro de mim.
Gota por gota de sangue
que sugaram do meu ser.
Passei a ser megera.
Impus respeito
dentro do meu ódio.
Vingança
é um prato que se come frio.
A palavra amor,
risquei do meu vocabulário.
Agora, com lábios rubros,
mordo as palavras
antes de dizê-las.
A doçura que me habitava
secou na taça que me serviram.
Sou o espinho que floresce
no jardim que antes era só flor.
Aprendi a ser pedra
onde antes era só amor.
E assim caminho
vestida em cólera,
mas com a cabeça erguida.
Queimando pontes,
escrevendo limites
na pele onde antes escrevi poesia.
Sim, sou vilã.
Sou sobrevivente
do enredo que vocês escreveram
e que eu reescrevi
com sangue,
silêncio…
e malevolência.
Muito prazer.
Agora caminho
com veneno nos lábios,
e o cheiro de pólvora nos pulsos.
Aprendi a arte da guerra
na escola do abandono.
Fiz do desprezo, minha armadura.
Não sou frágil...sou faca.
Não sou sombra...sou açoite.
E cada lágrima que derramei
hoje escorre em olhos alheios.
O amor?
Riscar foi pouco.
Eu queimei a palavra,
cuspi nas cinzas
e soprei ao vento.
Agora sou tempestade,
fúria contida que explode no silêncio.
Quem me feriu vai aprender
que não se esmaga uma mulher
sem despertar a Drácula
que sangra...
e devora.
Muito Prazer: - Sou eu
Autora: Isabel van Gurp