Sinto meu corpo
ceder nas tuas mãos,
escorrer lento entre teus dedos
que sabem onde tocar,
onde acender
o fogo que me consome.
Teu toque não pede,
domina.
Meu corpo obedece
antes mesmo do pensamento,
entregue, vulnerável,
presa ao desejo
que me desnuda por dentro.
Fico à mercê
das tuas vontades,
da tua fome.
Semi-hipnotizada,
deixo que me tomes
como quem sabe
que será lembrado na pele.
Tu me tens
num instante bruto,
num golpe preciso,
e me levas ao limite
onde prazer e perda
se confundem.
E então vais embora.
Fico só,
tremendo ainda,
com o corpo quente
e a alma exposta,
dividida entre a dor do abandono
e a vertigem do gozo.
Ainda sinto
o calor das tuas mãos
gravado em mim,
como marca que não se apaga.
Teus dedos continuam
a me percorrer na memória.
Murmuro teu nome
baixo, suplico
quase um pedido,
quase uma rendição.
Sei que posso cair de novo,
sei que é armadilha,
mas desejo não aprende e
repete.
Mais uma vez me deixei levar
pela tua persuasão,
flutuei nas tuas mãos,
alcancei o paraíso
com o corpo em chamas.
E mais uma vez
fui deixada no fogo,
ardendo sozinha
no inferno da paixão,
morrendo de amor, caminhando pela solidão.