sexta-feira, 25 de maio de 2012

Flutuo











Sinto meu corpo
ceder nas tuas mãos,
escorrer lento entre teus dedos
que sabem onde tocar,
onde acender
o fogo que me consome.

Teu toque não pede, 
domina.
Meu corpo obedece
antes mesmo do pensamento,
entregue, vulnerável,
presa ao desejo
que me desnuda por dentro.

Fico à mercê
das tuas vontades,
da tua fome.
Semi-hipnotizada,
deixo que me tomes
como quem sabe
que será lembrado na pele.

Tu me tens
num instante bruto,
num golpe preciso,
e me levas ao limite
onde prazer e perda
se confundem.

E então vais embora.

Fico só,
tremendo ainda,
com o corpo quente
e a alma exposta,
dividida entre a dor do abandono
e a vertigem do gozo.

Ainda sinto
o calor das tuas mãos
gravado em mim,
como marca que não se apaga.

Teus dedos continuam
a me percorrer na memória.
Murmuro teu nome
baixo, suplico
quase um pedido,
quase uma rendição.

Sei que posso cair de novo,
sei que é armadilha,
mas desejo não aprende e 
repete.

Mais uma vez me deixei levar
pela tua persuasão,
flutuei nas tuas mãos,
alcancei o paraíso
com o corpo em chamas.

E mais uma vez
fui deixada no fogo,
ardendo sozinha
no inferno da paixão,
morrendo de amor, caminhando pela solidão.  


 autora: Isabel van Gurp

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