segunda-feira, 16 de julho de 2012

Assim, Eu Sou







Meu coração envia mensagens
que meus olhos nem sempre veem,
mas minha alma sente.
Eu escrevo no papel
enquanto a razão tropeça nas palavras.
Meus ouvidos escutam
aquilo que desejam ouvir,
meus sonhos interpretam
a minha própria realidade.

Como poeta,
eu viajo na vida
de um jeito abstrato,
transformo fantasia em morada
e a trago para dentro de mim

Versos 

Assim, eu sou feliz.
Assim, eu sei ser mulher.
Assim, eu sou poeta.

Invento estrofes
para decifrar minha paixão,
ouço contos suaves,
escrevo histórias tristes,
e faço da poesia
a tradução da minha alma.

Assim, eu sou menina.
Assim, eu sou mulher.
Sonho acordada durante o dia,
e nas noites
espero meu príncipe encantado.
Sofro por um amor
que ainda não sei se é real,
mas sigo buscando,
entregue a uma doce ilusão.

Uma ilusão
que nasce dentro de mim:
nos meus sonhos,
nas minhas histórias,
nas minhas poesias.

Eu crio a minha realidade,
acredito em finais felizes,
em amor eterno,
em sexo com sentimento
e até na morte por paixão.

Assim, eu sou mulher.
Assim, eu sou menina.
Assim, eu sou poeta.

Assim,
eu sou feliz.

Meu coração envia sinais

que meus olhos fingem não ver,
mas minha alma lê em voz alta.
Escrevo para não enlouquecer,
minha razão tropeça,
meus desejos assumem o comando.

Meus ouvidos escutam promessas,
meus sonhos distorcem verdades,
e eu viajo na própria vertigem
do que sinto.

Sou mulher de carne,
sou poeta de incêndio,
sou menina ainda quando sangra a esperança.

Invento poemas para sobreviver ao amor,
ouço histórias que me atravessam,
escrevo dores que ninguém vê.
Acordo sonhando,
adormeço desejando.

Sofro por um amor
que talvez nem exista,
mas que me consome inteira.
Ainda acredito em encontros absolutos,
no amor que arranca do chão,
na paixão que não pede desculpas.

Assim, eu sou mulher.
Assim, eu sou ferida e força.
Assim, eu sou poeta.
Assim, eu ainda acredito.

Acredito no que não vejo,
em finais que ainda não vivi,
em amores que podem não durar,
mas sempre deixam marca.

Assim, eu sou mulher.
Assim, eu sou menina.
Assim, eu sou poeta.
Assim, eu sigo e sendo.


autora: Isabel van Gurp




 



sexta-feira, 6 de julho de 2012

Última Estação







Embalei-me nos gritos
dos surdos da madrugada,
na dança sem ritmo
dos loucos asfixiados.

Entreguei-me por muito,
não voltei por nada.
Desisti sem tentar,
envolvi-me por tentar.
Entrei numa onda.

Senti meu corpo
voar pelo espaço,
minha mente estilhada
em mil pedaços,

sem deixar rastros,
nem partículas do querer.
Eu estava louca 
o que ficou para trás
foi quase nada,
ou pouco demais para ser alguém.

Poucos sabem,
mas pouco importa
quem sou.
Talvez eu seja
a sobra dos réus,
uma sombra na estrada,
mesmo não sendo ninguém.

Não sou mais dona de mim,
do remanescente de alguém.
Desisti sem tentar,
envolvi-me por aventurar.

O que me prometeram
era uma viagem
sem piloto,
sem ninguém.
E eu sabia, de antemão,
que a última estação
era no esgoto.

Embalei-me nos gritos
dos viciados,
na euforia comprada
por alguns trocados,
migalhas de pó
na miséria alheia
de uma sociedade
que finge não ver.

Senti-me poderosa
no império do menos,
na alegria do meu luto,
quando embarquei
no vagão
que me levava
à última estação:

Estação Esgoto.

Esparrela sem mim,
embora espedaçada
no vagão,
na euforia do nada.



autora: Isabel van Gurp





Esse poema eu dedico
A todos jovens que se entrega no caminho que quase sem volta....
Há um grande amigo
Chamado Ricardo que destruiu sua vida por causa das drogas....


Todas as mães, famílias que perderam seus filhos....para esse mal que eu chamo a pior droga do século