terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Vivendo a Vida





O Que Seria de Nós?

O que seria de nós,
se o mundo conspirasse a nosso favor,
se o vento soprasse sempre ao sul do peito,
empurrando nossos barcos cansados
para portos de calma e luz?

Se as águas mansas nos embalassem,
e a vida, com suas marés,
fosse apenas uma dança
entre o ir e o voltar?

O que seria de nós,
se o mundo realizasse todos os sonhos,
se o riso fosse simples, cotidiano,
feito pão quente sobre a mesa,
e as lágrimas nascessem apenas
para dar brilho a um sorriso?

Se a felicidade não fosse promessa,
mas presença 
mansa, constante, verdadeira 
no dia a dia de cada ser?

O que seria de nós,
se a bondade habitasse cada olhar,
se toda alma fosse pura,
e toda gente fosse, de fato, gente?

Se o sol brilhasse todos os dias,
e os arco-íris fossem pontes
entre as dores e a esperança?

Se a chuva viesse apenas
para molhar os jardins,
lavar as calçadas,
matar a sede,
banhar os corpos com orvalho e paz?

Se as noites caíssem suaves,
como véus sobre anjos adormecidos,
e os sonhos fossem sementes
do que há de melhor em nós?

O que seria de nós,
se não houvesse guerra,
se a paz fosse o idioma da Terra,
e o respeito, a religião universal?

Se a justiça fosse feita de igualdade,
e as diferenças fossem apenas
cores diversas do mesmo arco de luz?

O que seria de nós,
se aprendêssemos nas escolas e na vida
que o valor do ser
não se mede pela pele,
nem pelo bolso,
mas pela essência?

Se a empatia fosse rotina,
e o amor, lei natural?

Se os hospitais fossem desnecessários,
as doenças inexistissem,
e a morte fosse apenas
um retorno à casa da alma?

O que seria de nós,
se não houvesse temporais,
nem florestas em chamas,
nem homens ferindo a terra
que lhes dá abrigo e pão?

Se pudéssemos caminhar
entre lobos e leões,
e ver neles irmãos,
não ameaças?

O que seria de nós,
se o mundo fosse igual 
sem cores, sem contrastes,
sem o milagre da diferença?
Se tudo estivesse pronto,
sem a necessidade da luta,
sem a beleza do erro,
sem o aprendizado da queda?

O que seria de nós,
se não tivéssemos que aprender
com as ausências e as tempestades,
com o suor e as lágrimas?

Se o vento não viesse contra,
não saberíamos remar.
E sem resistência,
não há conquista.

Porque a vida ensina
que a dor também floresce,
e que cada derrota é um ensaio
para uma vitória maior.

O que seria de nós,
se fôssemos felizes para sempre,
sem saber o que é viver?

A vida é feita de travessias,
de esperas, de perdas,
mas também de renascimentos.

Não há eternidade sem instante,
nem amor sem entrega.

O que seria de nós,
se o mundo conspirasse a nosso favor,
e ainda assim
não soubéssemos agradecer?

Talvez...
não seríamos nada.
Porque o milagre da vida
é justamente existir 
imperfeitos, humanos,
e eternamente em busca
do divino dentro de nós.


Autora: Isabel van Gurp




















domingo, 9 de fevereiro de 2014

Encontrei a felicidade




Encontrei em teus sonhos
os meus desejos,
nas tuas fantasias
os meus pecados.

Em teu corpo,
descobri o meu prazer,
em tuas mãos,
as minhas certezas,
em teus abraços,
o meu abrigo.

Nas tuas emoções,
derramei as minhas lágrimas,
nos teus silêncios,
ouvi as minhas palavras.

No teu tempo,
marquei as minhas horas,
em cada minuto,
um pedaço de mim
se misturou a ti.

E assim, em ti,
encontrei todos os meus sonhos,
a calma depois da saudade,
a ternura depois do medo.

Encontrei em ti
a alegria simples
de ser feliz.



Autora: Isabel van Gurp