domingo, 23 de março de 2014

Ca entre nós

A primavera chega na Holanda
Colorindo os campos e os parques com as cores das flores 






Cá entre nós,
eu pequei.

Deixei de ser menina
quando entreguei a carne
e senti minha alma saltar.
Viajei pelo mundo da felicidade,
atravessei um portal
para o lado desconhecido do prazer 
cheio de surpresas,
sensações,
alegrias.

Meu coração saía pela boca
de tanta emoção.

Cá entre nós,
eu pequei
quando olhei teus lábios
e desejei ser beijada,
tocada pelas tuas mãos,
sentir minha pele queimar
no fogo das palavras.

Abraçada pela tentação,
descobri o que é ser feminina,
ser fêmea em cio,
ser feliz,
ser amada 
e amar.

Na calada da noite,
deixei o desejo fluir pela carne,
a respiração curta,
o coração acelerado,
até que o gozo fincasse em mim
a dor doce da entrega.

Cá entre nós,
eu pequei.

Realizei minhas fantasias sem medo.
Fui mulher 
apenas mulher.

Aquela que fica diante do espelho,
tentando apagar as imperfeições,
contornando os lábios com batom
para fazê-los mais sensuais,
mascarando os olhos
para ficarem mais intensos,
mais sedutores.

Joguei perfume sobre a pele,
para adoçar o corpo.
Escolhi entre vestidos e saltos
aquele que me deixasse irresistível.
Revelei, enfim,
a palavra proibida:
vaidade.

Cá entre nós,
eu pequei 
mas foi um pecado doce,
humano,
inevitável.

Toquei o corpo,
os seios nus,
a carne viva.
Fui mais amante,
mais menina,
menos virgem,
mais pecadora,
mais concubina 
completamente livre.

No verbo fazer,
escrevi a palavra amor
entre os lençóis.

Cá entre nós,
eu não pequei.
Eu me libertei.

Para ser feliz.
Para ser mulher.
Somente mulher.

terça-feira, 18 de março de 2014

No MeuJardim







No meu jardim,
que todos os dias eu rego
com um pouco de mim,
com um pouco de água,
com um pouco de sol
e muito amor,
eu vejo brotar amizade 
sementes jogadas no dia a dia da minha vida.

O orvalho as molha com carinho
em noites de lua cheia.
E com dedicação,
jogo uma pitada de alegria na areia.

Todos os dias, eu olho,
levo um sorriso,
ponho as mãos na terra
para sentir as raízes que crescem.

Entre as sementes que passam
pelos bicos dos pássaros,
algumas mudam de espaço,
levadas pelo beija-flor,
semeadas entre as árvores,
nos campos.

Às vezes voam,
caem no asfalto,
se vão,
deixando saudades.
Outras ficam na lembrança.

Mas o que fica,
entre as ervas daninhas,
é eterno.

Nasce, então,
uma das mais belas plantas do meu botânico:
tão linda,
tão colorida,
tão sensível,
que se fecha com seus folíolos
para me proteger.

Num forte abraço,
com um simples toque,
me enobrece com a riqueza
do respeito e do companheirismo.

No meu jardim, eu semeio algo 
e toda energia que recebo,
o que sempre me fortalece,
vem de lá:

🌸
De uma flor que eu dei o nome de Amigo.


Autora: Isabel van Gurp





sexta-feira, 7 de março de 2014

Festa dos Loucos


Adicionar legenda
Príncipe do carnaval de Breda


Na Holanda o carnaval tem a mesma alegria e esplendor. O carnaval na Holanda fica concentrado nas cidades Católicas principalmente na região Brabant.


Festa dos Loucos 


O silêncio da magia se foi.
Caiu a noite
e todos:

ratos, ursos, piratas,
colombinas, coelhos e dançarinas
saíram das casas.

Passa aqui, passa ali  e vamos nós!

Brotaram asas, voaram,
propagaram ao som da música,
nas cores que flutuavam,
nos cantos dos bares,
subiram pelos ares,
deixando marcas de sorriso.

Passa aqui, passa ali e vamos nós!

Beberam purpurina,
se jogaram nas estradas
atrás de um canto,
no balanço de um acorde,
de uma nota,
de um beijo roubado,
de um copo na mão
e a cabeça fora do corpo.

Sem juízo.
Sem lei.
Porque todos são reis.

Há uma corte
de bêbados,
e entre os súditos
um soberano.

Passa aqui, passa ali e vamos nós!

Cantam, dançam,
na festa da carne,
onde um bobo fala por mil
durante o paço,
onde há muitos aduladores,
e uma madre beija o padre
sem ser pecado.

Passa aqui, passa ali e vamos nós!

Alguns perdem a sanidade,
outros perdem a idade
basta querer gozar a vida!

Na festa dos loucos,
todos são bobos.

Passa aqui, passa ali e vamos nós!

Vamos ser felizes
por onde passar a multidão,
até o dia raiar,
porque são três dias de paixão
até a quarta-feira de cinzas chegar.



Autora: Isabel van Gurp






Autora: Isabel van Gurp

Bobo da corte

Desfile de carnaval 



















Na “Festa dos Loucos”, ninguém é rei ou súdito 
todos são iguais diante da alegria,
da música, do riso e da carne.
É um canto à vida, à liberdade e à insanidade
que nos torna, por um instante,
mais humanos e mais divinos.