| A primavera chega na Holanda Colorindo os campos e os parques com as cores das flores |
Cá entre nós,
eu pequei.
Deixei de ser menina
quando entreguei a carne
e senti minha alma saltar.
Viajei pelo mundo da felicidade,
atravessei um portal
para o lado desconhecido do prazer
cheio de surpresas,
sensações,
alegrias.
Meu coração saía pela boca
de tanta emoção.
Cá entre nós,
eu pequei
quando olhei teus lábios
e desejei ser beijada,
tocada pelas tuas mãos,
sentir minha pele queimar
no fogo das palavras.
Abraçada pela tentação,
descobri o que é ser feminina,
ser fêmea em cio,
ser feliz,
ser amada
e amar.
Na calada da noite,
deixei o desejo fluir pela carne,
a respiração curta,
o coração acelerado,
até que o gozo fincasse em mim
a dor doce da entrega.
Cá entre nós,
eu pequei.
Realizei minhas fantasias sem medo.
Fui mulher
apenas mulher.
Aquela que fica diante do espelho,
tentando apagar as imperfeições,
contornando os lábios com batom
para fazê-los mais sensuais,
mascarando os olhos
para ficarem mais intensos,
mais sedutores.
Joguei perfume sobre a pele,
para adoçar o corpo.
Escolhi entre vestidos e saltos
aquele que me deixasse irresistível.
Revelei, enfim,
a palavra proibida:
vaidade.
Cá entre nós,
eu pequei
mas foi um pecado doce,
humano,
inevitável.
Toquei o corpo,
os seios nus,
a carne viva.
Fui mais amante,
mais menina,
menos virgem,
mais pecadora,
mais concubina
completamente livre.
No verbo fazer,
escrevi a palavra amor
entre os lençóis.
Cá entre nós,
eu não pequei.
Eu me libertei.
Para ser feliz.
Para ser mulher.
Somente mulher.
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