sábado, 5 de abril de 2014

Pétalas


 As cores da Primavera na Holanda










 


Posso sentir as cores do vento
que rastejam pelos campos,
tingindo o colírio dos meus olhos
com uma leve brisa de sonhos.

Ela está voltando...

Já não vejo as sementes
que se difundiram em embriões,
transformando-se em vidas ao relento.
Mesmo enterradas no subsolo,
assentadas pelas mãos,
espalham-se pelas brisas,
levadas pelos bicos,
difusas na essência
de quem brinca com o vento.

Voam  e voam  em grãos de pólen,
largadas por aí,
condenadas a passar dias e noites no acalento.
Entre a terra, perpetuam-se, propagam-se,
quase sem vida aparente,
dormem em silêncio,
em seu fenômeno sagrado.

Ela está voltando...

Esperam pacientemente a luz,
a radiação do maestro que toca a sinfonia da vida.
Energia que desperta a criação,
em notas ascendentes:
Sol, Lá, Si, Dó, Ré, Mi, Fá, Sol...
Cantarolam os pássaros,
guardam a chamada do Rei Sol,
o guardião supremo,
dono de todas as vidas.

Tão sublime com seus súditos,
ele aquece os corações,
leva vivacidade e esperança.
Democrático, é de todos:
o calor que beija em sépalas cada ser,
a chama que aclama liberdade.

Deflagra revolução 
interliga o ecossistema,
faz girar o mundo em harmonia.

Ela está voltando...

De um dia para o outro,
vencem-se as barreiras.
A terra se abre em túnel de nascimento:
galhos, ramos, caules despertam.

Saem em passos mágicos da terra,
quem dormiu o sono do inverno
acorda com energia dobrada.
Em multidão,
abelhas e andorinhas festejam a nova estação.
É tempo de renascer.
De nascer de novo.

Ela está voltando...

E quem brinca com o vento,
voa em grãos de pólen.
Despontam cores 
vermelhas, azuis, verdes, brancas, amarelas 
e tantas, infinitas formas perfeitas.
Em pétalas.
Em flores.

Espalham vidas.
Inspiram poetas.
Enfeitam passagens, asfaltos, calçadas,
casas, janelas 
como expressão de amor puro.

Fazem a revolução de colorir o mundo,
levam perfumes às almas,
vida aos corpos,
beleza à existência.

É a mãe natureza,
em novo ciclo,
nas manhãs de aurora.

Só sente quem conhece
a cor do vento 
tão clara, tão viva 
nos dias em que o sol beija a alma.

Aqui está a grande senhora:
Sou eu  a Rainha Primavera.


Autora: Isabel van Gurp














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