quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Raio de Luz

 



O silêncio me fez dormir 

Para vida 

Ouvi a brisa do vento 

Garoa, batendo na terra seca 

O cheiro da terra molhada 

Meu corpo aos poucos indo… 

Partindo…me deixando


No reflexo do espelho

Eu ainda era uma garota 

Tinha no colo um corpo franzino 

Que sugava de mim

O que  ainda restava  

De ser uma menina 

E aos poucos me tornei mulher

Meus seios enchiam de leite 

Senti meu corpo transformando 

Em deleite para uma boquinha faminta  

Mais uma vez 

Uma gravidez  

Outra vez,  mãe 

De um menino e uma menina 

Me realizei como mulher

Voei no tempo descalça

E os meus pés cru e soturno 

Me faziam decorrer  pela vida 

Pelos ares com as nuvens 

Que tornavam-se negras 

E traziam tempestades 

Inundavam meu corpo 

Com tanta força 

Que na jorrada d'aguas 

Me levam para o rio abaixo

Perdi raízes como as  árvores

Como as flores suas folhas

E as rosas suas pétalas  

Joguei sementes com naufrágio

Em águas turbulentas  

Gritei 

Preciso viver 

E tinha que deixar rastro 

Retornar 

Me agarrar no mastro 

Afundei meu corpo 

E alma inerte 

Para acumular energia e força 

Certeza da esperança 

E do meu eterno amante

Foi no seu olhar que eu vi ele balbuciar 

Levante! Levante! 

Abrir os olhos....

Ele não estava mais lá 

Somente nas minhas lembranças 

O silêncio me fez acordar

Sua voz ecoa nos meus pensamentos  

Para vida 

Ouvi a brisa do vento

Raio de luz

Garoa, batendo na terra seca

O cheiro da terra molhada 

Meu corpo aos poucos voando....

Sonhando e voltando

As sementes que ainda estavam no caminho 

Jogadas por mim 

Brotava jasmins 

Fazia o cheiro trazer a mim

A vida de um menino  

Peguei os grãos 

Do próprio fruto 

Germinei  no meu jardim

A semente chamei de Matheus  

E seguir a minha vida

Para ser feliz com os meus….






  


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