terça-feira, 9 de abril de 2013

Abrem-se as janelas

FOTOS DE PORTUGAL 
FOTOS DE PORTUGAL 





















 O sol que nasce na minha terra
desaponta atrás dos morros,
sobe pelas favelas,
invade as ladeiras,
brilha nos sinuosos becos,
nos intrincados labirintos,
entra pelos vãos das portas,
espalha-se pelas frestas das madeiras,
seca o orvalho das sobeiras.

Abrem-se as janelas.

O sol que nasce na minha terra
dá vida a um sorriso
que esconde uma lágrima.
Acalora a alma,
que se acalma
com o resplendor dos raios.

Abrem-se as janelas.
O sol mata o mofo
que entranhou as noites escuras e impuras,
ilumina os dédalos que escondem os medos,
lava os esgotos,
revela os terrores que ainda escorrem pelos dedos.

Mas traz as cores
que passam pelos casebres,
invadem com seus raios,
tirando o gosto do mofo
que, contra o gosto,
foge do sol da minha terra.

Abrem-se as janelas.

O sol que brilha na minha terra
tem sempre um horizonte,
uma beleza eterna.
Tem gente que sobe e desce
pelos íngremes caminhos do morro
quando o sol aparece.

O sol que surge na minha terra
faz abrir janelas,
entra nas favelas,
conquista semblantes,
espalha risos,
e com um café na mão
acorda a vida
para mais um dia de sol.

O sol que envolve minha terra
vive no dia a dia,
um dia atrás do outro,
em cada gente
que é filha deste chão.

E, quando o dia se vai,
todos esperam o pôr do sol no infinito
porque o sol da minha terra
se põe no mar,
na frente do morro.

Fecham-se as janelas.



  autora: Isabel van Gurp

Nenhum comentário:

Postar um comentário