terça-feira, 30 de julho de 2013

Arapuca

Arapuca                 
Roterdam 


Nas caladas das noites
Em luas cheias
O que move distante
E a esperança
Que saem do sol
Cobertos de medo
Com uma coragem sublime
De se lançar na escuridão
Nas turbulências dos oceanos
Nas incertezas das mares 
Sem triunfos de heróis
Com a fome dos miseráveis
Fechados pela agonia
Desesperados pela angustia
Sem saber o que querem
E aonde vão
Muito menos quando vão arribar
Mesmo assim partem
Se não encontrarem a morte
Já é uma vitoria
Se não precisar regressar ao porto de partida
Já é um grande triunfo
Ou apenas um recomeço
De uma vida nova
Essa busca incansável de sair
O que acoita de fugir
De buscar 
a chance de uma nova partida
Nem de  longe é um baú com tesouro
São migalhas que lhe jogaram
Como iscas
Em terras firme
Se ciscar
Uma arapuca
De tantas quantas que já foram armadas
Para esses povos
Que tantos caíram e nunca voltaram
Não existe  a busca do rumo da história
Nem o perdão e a consciência
O que volta sempre é a violência
Não há cobrança do que já se  foi roubado
Nem a divida que nunca foi paga
Nem as lembranças dos seus ancestrais
Na bussola que gira sempre para outro lado
Empurrados pelos navios adentro
Escravizados pela riqueza
Vendidos e humilhados
Em navios negreiros
Assim chegavam
Assim partiam
Assim emigram e imigram
E amortiçados pela escravidão
São os mesmo navios
Não, são barcos
Que levam as mesmas vidas humanas
Que atravessam o mar na mesma direção
São eles mesmo
Não são heróis
Sem donos
Sem papéis
Sem amordaçadas que levavam os seus ancestrais nos pés e nas mãos
Que voltam sempre
Buscam o que?
E vão encontrar o que?
Assim eles são concentrados em fileiras
Fazem o mesmo percurso
Persuadidos pelos sonhos
Como todos os imigrantes
Tratados da mesma maneira
Ilegais lhe chamam


  autora: Isabel van Gurp






































quarta-feira, 24 de julho de 2013

Entre Os Caminhos Das Tulipas


Entre os caminhos das tulipas



Havia um sonho
O sonho de uma criança
Que voava de bicicleta
Em algum lugar
Entre muros e pedras,
Asfalto e terra.

A bicicleta voava, voava,
Voava para longe,
Para as nuvens.
Voava tão alto
E chegava a algum lugar,
Onde havia árvores com folhas secas,
Amarelas e vermelhas,
Que caíam ao soprar do vento,
Adornando o chão.

Tudo era muito lindo e colorido,
Uma festa cheia de alegria.
Os gnomos marcavam com cogumelos em anéis
Seus territórios, com suas Cinderelas belas.

Doutrinavam e dançavam na madrugada,
Em círculos mágicos,
Até o amanhecer do dia.

A bicicleta voava, voava.

Havia um castelo,
Um rei e uma rainha,
Um príncipe e uma princesa.
Uma história que fazia a criança sonhar
E acreditar em fadas madrinhas,
Bruxas,
Elfos de luz, anões
E sereias, filhas da terra e do mar.

A bicicleta voava no branco,
No campo,
No céu,
Onde a chuva caía
E se transformava em gelo,
Em neve,
Tornando tudo muito claro e belo.

A família real
Cantava e dançava,
Como se estivesse no Éden.

A bicicleta voava, voava.
Entre as flores das manhãs de primavera.
E assim, a bicicleta voava, voava, voava,
E à toa chegava ao bosque,
Onde as tulipas amarelas e vermelhas
Enfeitiçavam os cogumelos.

A feiticeira, com medo, corria do herói
Que salvou o príncipe e a princesa,
Levando-os para o castelo dourado.

A bicicleta voava, voava.
Havia um casebre na floresta,
Um touro azulado,
Que era um mago.

E a vaca preta e branca
No seu peito amamentava as crianças,
Como mãe.
Elas cantavam e dançavam
Nos jardins das casas,
Felizes.

Não tinham medo da maga malvada,
Nem tampouco dos lobos
Que caminhavam pelos campos como lebres.

E enquanto isso,
A bicicleta voava, voava, voava.

Encontrava patos brancos
E cisnes negros
Em lagos.
E assim, todos seguiam,
Juntos com a bicicleta.

Todos voavam pelos parques coloridos,
Entre as rosas vermelhas e tulipas encantadas.
Havia uma multidão que marchava,
Maravilhada com a varinha encantada,
Que, ao toque, transformava tudo em magia,
Na alegria da chegada do verão.

Entre caminhos floridos,
Coloridos,
Com o rei e a rainha,
Todos eram muito felizes
E cantarolavam.

As crianças pegavam suas bicicletas
E voavam comigo.
Sim, eu era essa criança que sonhava.

Eu perguntei a elas:
"Como se chama esse país?"
Responderam:
"Essa terra encantada se chama Holanda."

Autora: Isabel van Gurp



Breda 

E o dia dos Nassaus










Castelo de Breda














 



 















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