sábado, 31 de agosto de 2013

Cacos de vidros

Cacos de Vidros

Para sentir a vida
Arranquei os sapatos
Com pés nus
Caminhei pelos cacos de vidros
Lançados no meu destino
Nas minhas estradas
Marcados por Deus
Lapidados pelos meus anjos
Pisei em cada um
Alguns quebrei em pedacinhos
Com a veemência do meu corpo
Outros assoprei para bem longe
Com ajuda do vento
Alguns afligiram meus pés
Sem deixar lesão
Outros sangraram minha alma
Outros cortaram a minha pele
Sem derramar uma gota de sangue
Outros feriram com um risco
No rabisco perdi muito sangue
Alguns fincaram no meu coração
Mas sem despegar o amor
Mas em todos eu via  minha imagem refletida
Algumas lágrimas derramadas
E lavavam minha dor
Em todos os fragmentos
Eu aprendi lições
Morri de medo
Eu vivi a vida
Sentir
Menos ou mais
Chorei e sorri
Aprendi
Errei
Seguir
Caminhando sem medo de pisar em cacos de vidros
Eu vivo!!!!!


  autora: Isabel van Gurp



sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Carta

A carta 



Sair de cada sonho
Com um olhar desalentador
Que aos poucos me dizia
Em muitas frases

Em poucas palavras
Entre linhas
Vinhas do amor
Que eu teimava não escutar
Fugir do olhar
Para não entender
O que tu querias me dizer
Fabulei uma história

Que só eu acreditei
Inventei, mentir
Fingir para mim mesma
Corri do medo
Que me assombrava
Aterrorizava e designava-me
O monstro que crescia em mim
A verdade que eu lutei para não acreditar

Mesmo com todos os presságios
Sinais
Que estava estampados
Nos teus atos
Em tua voz
O que mais me doía
Era a frieza do olhar
Mesmo assim, inconscientemente

Eu atropelava avançado todos os semáforos
Com todas as minhas emoções
E o meu amor
A minha ternura
E o meu querer
Sem dignidade
Sem amor próprio
O que é amor próprio sem ti
Sem ti não haveria amor em mim

Não haveria mais aquilo que eu não queria nunca perder
O que eu mais tinha medo te deixar
Vou de reter na minha memoria


Eu acreditei em uma história
Que nada poderia nós separar
Perdão
Fui cega pela paixão
Pensei
Me enganei
Me iludi
Que o nosso amor seria para sempre

O meu amor será para sempre
Lutei para não acreditar
Em cada gesto
Em cada espaço que eram cada vez maiores
Não ouvia mais tua voz
Não sentia mais tua presença
Na minha vida
Não sentia mais o teu olhar
Não tocavas mais em mim
O que me restou
Foi pouco ou quasi nada
Espero que eu possa ainda salvar
No castelo em ruína
Destronizado
Amizade..a nossa amizade
Pode ir
Esta carta e tua alforria
Seja feliz
 
  autora: Isabel van Gurp

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