sábado, 31 de agosto de 2013

Cacos de vidros

Cacos de Vidros




  





Para sentir a vida,
arranquei os sapatos.
Com pés nus,
caminhei sobre cacos de vidro,
lançados pelo destino,
marcados por Deus,
lapidados pelos meus anjos.

Pisei em cada fragmento.
Alguns quebrei em pedacinhos,
com a força do meu corpo.
Outros, assoprei para longe,
com a ajuda do vento.

Alguns feriram meus pés
sem deixar lesão.
Outros sangraram minha alma,
rasgaram a pele,
sem derramar uma gota.

Houve os que marcaram,
como riscos profundos,
traçando mapas do meu caminho.
Outros fincaram-se no coração,
mas não arrancaram o amor.

Em cada estilhaço,
vi meu reflexo.
Chorei, e as lágrimas
lavaram minha dor.
Em cada pedaço,
aprendi uma lição.

Morri de medo.
Mas vivi.
Senti  menos, mais,
inteira.

Chorei e sorri,
caí e me ergui,
errei e segui.

Hoje, caminho sem medo
de pisar em cacos de vidro,
porque deles
eu fiz meu espelho.

Eu vivo.
E sobrevivi.



  autora: Isabel van Gurp 








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