Te esperei.
Te esperei por tantos caminhos,
por tantas vidas,
por tantos dias que o tempo nem sabe contar.
Te esperei como quem guarda no peito
um sol que ainda não nasceu,
mas brilha, insistente,
na luz de um desejo antigo.
Te esperei
porque teu nome já vivia em mim
antes de eu saber pronunciá-lo.
Tua sombra caminhava ao lado da minha,
teu passo ecoava no meu silêncio,
teu sorriso era promessa
na curva do meu sonho.
Te esperei apaixonada:
com o coração aos pulos,
com a alma acesa,
com os olhos cheios de respostas
antes das perguntas.
Te esperei sabendo que,
no instante em que te encontrasse,
meu mundo todo faria sentido
como uma história que finalmente
reencontra a página certa.
E quando te vi,
me reconheci no teu olhar
como quem volta para casa
depois de séculos de ausência.
Mas também,
te esperei com o corpo, maduro, febril, inteiro.
Te esperei com a pele acesa
e a respiração curta,
com a certeza de que tu saberias
ler meus desejos
antes mesmo de eu sussurrá-los.
Te esperei nua de medos,
desvestida de cautelas,
pronta para ser tua
na língua quente dos beijos,
na geografia secreta das mãos,
no altar profundo do toque
que só dois corpos que se pertencem conhecem.
Te esperei sabendo que teu abraço
seria abrigo, sentença e libertação.
Que tua boca chamaria a minha
para um destino inevitável.
Que teu desejo completaria o meu
como fogo encontra ar.
Mas entre todos os modos de te esperar,
o mais profundo, o mais doce,
o mais meu
foi te esperar com ternura.
Te esperei suave, calma,
com sonhos simples e grandes:
uma xícara de café dividida,
um sorriso entregue pela manhã,
dois passos que caminham juntos
em qualquer direção.
Te esperei no gesto cotidiano,
na calma,
na doçura,
no toque que não arde
acolhe.
Te esperei com amor limpo,
amor que não exige,
amor que floresce,
amor que reconhece.
Te esperei em todas as formas possíveis.
Apaixonada,
para te amar com a alma.
Erótica,
para te amar com o corpo.
Romântica,
para te amar com a vida.
E quando finalmente chegaste,
não houve dúvida,
nem medo,
nem retorno.
Só a certeza antiga e profunda:
eu te esperei porque tu eras o meu destino.
E agora que te tenho,
a espera virou casa,
abraço,
pele,
paz,
fogo,
poesia.
Agora que te tenho,
não esperei em vão.
Agora que te tenho,
sou inteira
em ti.
Autora: Isabel van Gurp
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