Não voltarei
Pelo azul do mar
Nem tão pouco pelo sol escaldante
Que no auge do verão
Queima a minha terra sem piedade
E deixa areia da praia em ebulição
O asfalto da minha cidade
Fervendo com se fosse brasa
E tosta os pés nus sem comiseração....
Não voltarei pela sua beleza que é sem igual
Que faz meu Rio
Ser minha pátria tão idolatrada
Que é cantado em versos e prosas....
E clamado pelo seu carnaval
Se um dia eu voltar
Voltarei por uma avenida
Colorida e tão cheia de vida
Uma avenida de sonhos, de alegrias, palhaços e arlequim
Que contam histórias com ritmos
Mas que sempre acaba numa quarta feira
Que chamam de cinza
Voltarei pelo cheiro da chuva
Que cobre os morros com suas águas
Que descem nervosamente
Arrastando com sua força tudo que vem pela frente
Deixando pra trás... nada
Nada para aquela gente
Que perde tudo nas chuvas de verão....
Menos alegria de viver e recomeçar....
Se um dia voltar
Eu voltarei
Por uma escola tão animada
Que nasceu nesse morro
Que o seu povo sem nada
Fábrica esse sonho de riqueza e de beleza....
Eu voltarei para tremer nesse ritmo quente
Que tosta os pés na areia da praia sem dó....
Que faz qualquer um sambar
Voltarei para entender porque essa gente
Que fica sem nada
Que tudo perde nas suas águas
E sem compaixão arranca a esperança
Desse povo sofrido
Mas com coragem
Eles vão
para avenida
Dançam e sorriem
E eles são felizes
Talvez não por muito tempo
Mas são....
Se um dia eu voltar
Voltarei
Por aquela multidão
Que segue cegamente num ritmo frenético
Com suas roupas coloridas e alegres
Pagadas com sacrifício
Com suor do trabalho
Mesmo sem nada
Cantam a felicidade
Em algumas horas ou em alguns minutos
As vezes muitas vezes no relâmpago do segundo
Que toca a saudade nos meus olhos
Me enche de orgulho
De saber que eu faço parte desta gente
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