Na pontinha do pé,
desço dos arranha-céus,
mergulho no morro,
pelo esgoto e pelo céu.
Meu corpo se desprende da alma,
na calada da noite me acalma.
Sambo
levada pelo sino dos tambores,
no feitiço dos deuses africanos.
Minhas mãos se erguem pedindo axé,
meu ser compreende,
a rua é altar,
e o chão, meu chão ardente.
Me largam de mão,
me jogam no asfalto,
num açoite total,
irreal de um sonho
que explode em mim.
Ele entende
fui tomada pelos deuses do samba.
Em transe,
minhas pernas rolam,
meu corpo se entrega,
numa valsa profana
que me açoita em gozo.
Desfruto o culto dos tambores.
A música entra em mim,
me usa, me abusa,
e foge pela minha boca.
Estou transversal na avenida.
Eu sou o samba.
Ele me possuiu
para fazer-me sua escrava.
Sigo atrás da multidão,
cega,
ouvindo apenas o som
dos tamborins,
das cuícas,
dos corações batendo em uníssono.
Somos felizes
levados pela fé,
carregados pelo axé,
movidos pelos tambores.
No ritmo frenético da vida,
eu sou o samba.
E ele finca no peito
de quem acredita
que ser imortal
é ter o samba na alma,
e a vida lançada
numa escola
que chamam de samba.
Linda!!Como todas, pura, vindo da alma...com sua simpleza Isabel...Bjs
ResponderExcluirobrigado Claudia
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