O corpo silencia
SILENCIA
Diante d'alma
Esmorece diante da dor
Da ausência
Sair nas ruas
Para pedir um abraço de alguém
Alguém
Que passa-se por acaso
E retribui-se com um sorriso
Meu contemplar distante
Já me sentiria entrelaçada
Seria estranho se eu falasse
Amada
A palavra só tem valor
Quando são ditas pelo olhar
Hoje, precisamente hoje
Vale mais do que ontem
Do que sempre
Um gesto
Movimento de expressão
De um sorriso de um desconhecido
Já é muito....
Já enche o coração
De esperança
Já enche o coração
De esperança
Acredito na solidariedade
Amizade
Alegria familiar não se encontra mais
Em alguns lares
Em alguns lares
No dia a dia
Nos ecos deixados
Nos vãos das casas
Em quarentena das alas
Se foi...
Ainda penso
Quando ainda ando pelas ruas
Sem destino
Estranho...
O corpo silencia
SILENCIA
Diante d'alma
Esmorece diante da dor
Da ausência
Da condolência
Não há fardo
Que esmurre a dor sem continência
Não há corte
Mais profundo que a morte
Do que a perda de um ente
Mas a morte sem despedida dos meus
Ou dos seus ou dos nossos
Vossos
Não importa quem parte leva um pouco de nós
O corpo
Silencia
SILENCIA
Diante do pesar
Que parte gota por gole
Que jorra
Nos braços
Que transporta pelo espírito
Flutuando nos rios
Aos poucos deixando
Um grande vazio
De quem perdeu
Nesses dias
Estranho dias...
Que o mundo parou
Diante de um vírus
Estranho dias
Volto a pensar
Mas a certeza
Que aquele olhar de alguém
Que me abraçou na distância
Na rua
Me fez sentir amada
Me deu esperança que tudo vai passar
Me deu esperança que tudo vai passar
A lembrança
Ia me fazer pegar todos os cacos
Deixados pelos danos
Transformar essa aflição
Num mundo melhor
Para os meus ou para os nossos
Vossos
Fazer um mundo em amor
Vamos vencer essa dor!
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