Asas da Brisa
Acredito que os movimentos
se transformam em ventanias,
e os lugares, em sombras,
em noites cinzentas e frias.
Quando o vento leva o amor,
e a lava apaga a chama,
o medo enfraquece as conquistas.
Então resolvi voar
fugir.
Encostei-me na brisa
e deixei que ela me levasse,
longe da tempestade,
à procura de uma luz
que pudesse iluminar minha alma.
Fugi do tempo,
dos furacões e das devastações
que arrancam as raízes dos solos,
mas não levam as sementes.
Fugi das águas que invadem,
dos ventos que rugem,
das tempestades que varrem as cidades.
Eu voava com a brisa,
disfarçando as pressões da vida,
até encontrar o caminho das pedras.
Peguei uma delas nas mãos,
senti sua energia,
busquei nela respostas para minha fuga.
Esperei que as pedras se tornassem montanhas,
para me esconder em seus cumes.
Mas os morros não nascem
eles se formam.
As pedras não se procriam
elas são criadas,
fragmentos do tempo,
filhas da terra, da água e do fogo.
Na solidão da montanha,
ouvi o vento contando histórias
de vulcões e metamorfoses.
Pensei:
“Será covardia fugir sem olhar para trás?”
As rochas, sim, enfrentam o fogo.
São moldadas pelas erupções,
lapidadas pelo tempo,
e tornam-se fortes,
massivas,
imensas.
Eu, ao contrário,
deixei-me levar pela brisa.
Estava segura,
mas distante.
Longe da destruição,
e longe de mim mesma.
Foi então que percebi
não se vive sem raízes,
nem se cresce sem chão.
Resolvi voltar,
mesmo sem asas,
contra o vento que me empurrava para trás.
Voltar era a luta.
Era o reencontro.
Aprendi com as rochas:
para tornar-se montanha,
é preciso resistir ao tempo,
ao vento,
e ao fogo.
Não se pode fugir do que se é.
A luz que eu buscava no horizonte
sempre esteve em mim.
Voltei para casa.
Firme.
Plena.
Forte como uma rocha.
| Paisagem de Gent através do presidio, o Castelo medieval de Gravensteen. |
| a parte de trás do Castelo menos conservada |
| Gent em Bélgica |
O presidio de Gent tombado pela Unesco
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