As cores são as mais belas,
talvez as mais puras —
a natureza despe-se,
livre de censuras.
Fica vermelha,
amarela,
deixa o vento lhe despir.
Encena o fim de um ciclo.
As folhas mortas, suaves
soltam-se dos caules,
seguem o sopro do destino.
Desnuda diante do frio,
a árvore dorme,
pelada de si,
recolhida em silêncio.
Talvez por pudor,
ou por sabedoria,
hiberna na calma das noites,
descansa para seguir a vida.
Prefere perder as cores à brisa,
deixar o vento levar o que foi,
para que o novo venha
e floresça.
Nos fins de tarde,
os pássaros migram,
a tempestade se anuncia.
As folhas partem com o vento,
como sonhos que o tempo leva.
As plantas repousam,
as abelhas recolhem-se às colmeias,
expulsam seus machos cansados
tudo cumpre o ciclo.
Alguns ficam,
outros dormem nos ninhos,
outros se vão.
Uns esperam,
outros morrem,
para dar espaço à vida que renasce.
Novas folhas,
novos brotos,
verde esperança
o milagre da terra desperta.
E o outono cede à primavera,
quando a natureza, vaidosa,
veste-se outra vez de festa:
vermelha,
amarela,
florida de sol e de promessa.
Começa um novo ciclo.
A vida recomeça.
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