terça-feira, 22 de abril de 2014

Grãos






Grãos


De grão em grão

Que enche o papo

Os grãos que nos alimentam

Que nos sustentam

Que mata a fome dos homens

              Sim 

De Grão em grão enche o prato

               Grão

Que cresce nas árvores

O grão que desenvolve no campo

Entre as espigas e milhos

Que alastra na terra amiga

E tem como parceiro o espantalho

             Grão 

Que se acha em todos os pratos

Grão de arroz

           Pois

Grão que gosta da garoa

Que molha suas raízes boa

Para fertilizar o mundo

Dos mancebos a coroa

        O grão

Corre pelo chão

Passa pela  prateleira do mercado

E acaba na mesa do consumidor

E mata fome

São os grãos ancião

       Sinto 

Que pesam nas minhas mãos

E ensina a matemática

Os mesmos grãos que eu jogo

Em algum lugar

       São eles 

Para ver a minha sorte

São os grãos que vão e vão

E são grãos de bico

São os grãos que eu compro

O que se vende

Em todos os lados

        As  crianças

Que se alimentam da aveia

São grãos de homens

Que trabalham a noite e dia

Fazendo um mundo uma colmeia

E a vida uma grande ceia

         O grão de café 

Nos quatro cantos do mundo

Para colher a semente das lentilhas

Os grãos que está pendurado no pescoço

Da menina que tem um axé

Como o fio-de-contas em pontas 

          O grão mestre 

Que vieram do céu para Baia

Numa forma de chocolate

O grão de feijão dos Oxalás 

Da cor da nossa mãe África

Que jogam-se búzios

Nos terreiros dos orixás

           Viva! Ou não? 

O grão rico em vitamina

Que toma o lugar dos seios

Da menina

Com seu leite de soja

E aumenta em campos assustadoramente

No lugar do meio ambiente

           Sim!

Grãos que pipoca em panelas

Para ir ao cinema

De grão em grão

A galinha enche o papo

E gira a roda da fortuna

Com seus grãos em grão

Arrebatados em container

vão para China ou Lima 


Isabel van Gurp






























































sábado, 5 de abril de 2014

Pétalas


 As cores da Primavera na Holanda









 Posso sentir as cores do vento
Que rastrejam nos campos
Poluindo o colírio dos meus olhos
Deixando uma leve brisa de sonhos 

Ela esta voltando....

Não vejo mais as sementes que se
difundiram em embriões
Transformando-se em vidas ao relento
Mesmo enterradas no sub-solo
Assentadas pelas mãos
Espalhadas pelas brisas
Levadas pelos bicos
Difunda pela essência
De quem move  brincando ao vento
Voam e voam em grãos de pólen

São largadas por ai
Condenadas passar dias e noites no acalento
Entre a terra perpetuam e propagam-se
Quase sem vida aparente
Dormem em fenômeno

Ela esta voltando....

Esperam pacientemente a luz
A radiação do maestro que toca
Energia que vai trazer a vida
Em notas ascendentes: Sol, Lá, Si, Dó, Ré, Mi, Fá, Sol Cantarolam os pássaros
Guardam a chamada
                       Do rei Sol
                    O guardião 
Tão sublime com seus súditos
Dono de todas as vidas
Aquecem os corações
Razão da morte para quem não sente
Leva vivacidade e esperança
Democrático e para todos  
O calor que beija em sépalas de cada ser
Aclamam a liberdade
Deflagam a revolução
Interligadas a um ecossistema
Que faz funcionar tudo tão perfeitamente

Ela esta voltando....

De um dia para outro
Vencem barreiras
Abrem túnel com a força do nascimento
Em galhos, ramos, caules...
Saem em passos mágicos da terra
De quem acorda de um repouso de inverno
Com energia redobrada pelo sono profundo
Em multidão
As abelhas, as andorinhas festejam a nova estação 
E tempo de renascer
Novas vidas 

Ela esta voltando....
De quem movem solto brincando ao vento
Voam e voam em grãos de pólen
Despontam-se em cores
Vermelhas, azuis, verdes, brancas, amarelas
E tantas e infinitamente inúmeras plantas
Em formas perfeitas
Em pétalas
Em flores
Espalhando vidas
Inspirando poetas
Enfeitando cada passagem,
Cada asfalto
Cada calçada
Em todos os jardins
Nas casas, nas janelas
Como forma de expressar  amor puro
Fazem a revolução de colorir o mundo
Leva perfumes para almas, corpo 
Dá a vida 
Com a beleza
Sem igual a mãe natureza 
De um novo ciclo
Nas manhãs de Aurora 
Que só sente quem conhece a cor do vento
Tão clara
Nos dias que beijam alma 
Aqui esta a grande senhora 
-Sou eu a Rainha Primavera 

autora: Isabel van Gurp















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