terça-feira, 24 de maio de 2011

HOMENAGEM A GRANDE ADRIANA

A VIDA É UMA PENA, FRÁGIL, LEVE E SENSÍVEL
 A VIDA É UMA PENA QUE VOA
 SEM SABER O SEU RUMO CERTO 
QUE VIAJA COM UM SOPRO DO VENTO
 A VIDA É FRÁGIL COMO UMA PENA 
DE UM DIA PARA OUTRO 
DE UMA NOITE PARA OUTRA
 EM HORÁRIOS CONFUSOS
 CHAMADOS FUSOS 
PODE SE ACABAR 
VIVER CADA MOMENTO COMO SE FOSSE ÚLTIMO
 COMO SE FOSSE A ÚLTIMA VIAGEM
 POIS A VIDA É UMA PENA 
SABER PERDOAR E SER PERDOADO
 SABER DOAR 
SABER RECEBER 
SABER CALAR
 NOS MOMENTOS DE SILÊNCIO GRITAR NOS MOMENTOS NECESSÁRIOS 
  FAZER- SE OUVIR
 CHORAR
 QUANDO HOUVER TRISTEZA
 SABER SORRIR
 NOS MOMENTOS DE ALEGRIAS
  A VIDA É UMA PENA
 EXISTEM VIAGENS SEM VOLTA 
VOO QUE SOBE
 QUANDO A PARTIDA DEVERIAM SER ANULADA
 A VIDA É UMA PENA QUE VOA PARA LÁ
 E PRA CÁ 
QUE PODE SER SOPRADA 
PARA LONGE
 PARA O MAR 
E PARA SEMPRE
 E CAIR NAS PROFUNDEZAS DAS ÁGUAS DE FERNANDO DE NORONHA 
E FICAR NO LUGAR MAIS LINDO DO PLANETA
 TERRA 
NAS SUAS ÁGUAS PROFUNDAS
 E CRISTALINAS
 NÃO SERÁ UMA MORTE 
 SERÁ UMA BENÇA 
POIS SERÁ ETERNO VIVER NO PARAÍSO PARA SEMPRE POIS É LINDO MORRER NO MAR


autora: Isabel van Gurp

 ISABEL PARA ADRIANA 
VITIMA DO VOO 447

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Eu sempre te amarei




Eu sempre te amarei
Faz parte do meu sangue
Do meu corpo
Do meu ventre 
Das minhas entranhas
Da minha alma
O tempo poderá transformar 
No menino
Num homem
Na menina 
Numa mulher
Um jovem
Num senhor
Uma mulher 
Numa senhora
O tempo transforma
As  vidas 
As pegadas
Os lugares
Os sentimentos 
As alegrias
As tristezas 
Mas nada vai mudar
O que faz parte de mim
O corpo que não é parte do meu sangue
Eu me embriaguei no seu leite materno e 
O seu leite penetrou nas minhas veias e fiz dele a minha sobrevivência
E transformei em amor materno
A mulher que eu não sair das suas entranhas
 E um amor tão profundo 
Tão forte 
Como se fosse almas gêmeas
O que eu encontrei no caminho
Trouxe para meu corpo
E transformei na minha vida
O que nasceu de mim 
Será sempre parte da minha alma
O que eu olhei nos olhos 
E vi seu sorriso pela primeira vez 
Era um corpo pequeno, franzino e delicado
Transformei no meu irmão
Porque eu  sempre te amarei
Mais que a força do sangue ou da vida 
Da distância 
Mas dos corações sempre que  estarão juntos 
Porque eu sempre amarei

autora: Isabel van Gurp







BROTAR












O nascimento
É um sonho, é um desejo que se brota
Dentro de um ventre,
Ali nasce uma vida
Ali nasce um ser,
Que cada dia cresce um pouquinho,
Desenvolve os dedinhos,
O coração
O pulmão fica mais forte,
No ventre este ser que ainda não é ser
É apenas um broto
Que começa dormir, acordar...
Até mesmo se alimentar.
Ter sensações. incomodar-se, protestar....
Já começa se sentir gente
Mesmo antes de nascer...
E percebe que não é um broto...
O tempo passa, a barriga cresce....
O espaço fica menor
Este ser que com certeza já sabe....
Que não é um broto, mas que é gente
Quer nascer....
Ele nasce, chora, abre os olhos
Vê a primeira vez o mundo,
a mãe, aquela que o levou neste período,
O pai, aquele que fez a doação...
Já existe uma ligação, que se chama família
Para este broto ser gente, para este broto se desabrochar,
precisa de tempo....mas, o tempo o que ele mais tem...
Então,
O primeiro ano deste pequeno
E com certeza é uma data muito especial,
Porque ele está descobrindo cada vez mais que é gente!!!!




autora: Isabel van Gurp

Para Sempre - 14/07/1983

Para Sempre






Cada momento que passa 
Eu vou vivendo
Cada instante que passa eu vou morrendo
O momento que passa
E uma hora que não fica
E um dia que não volta
E uma noite que se vai embora
E assim, 
Cada pássaro que canta livre 
Que voa no céu 
Sem risco
Sem pensamento
Sem medo
Que voa com o vento
A mesma ventania que desalinha meu cabelo
Que esfria meu coração
Que me leva de um canto ao outro
Com meu pensamento
Nos momentos que olho para terra
 piso no chão
Porque em terras que pisarei
Eu morrerei
Se um dia eu piso
Um dia deitarei
Aonde a folha cai
Que o vento derrubou
O mesmo vento do pássaro que voa
O mesmo vento que esfria meu coração
A mesma folha  leve e lentamente 
vai caindo
Vai deitando,
Vai amarelando, 
E de vez 
Vai morrendo no chão
Assim como as folhas mortas
Será meu corpo, minha alma
Que um dia vai cair
Derrubado pelo vento 
Vai caindo, amarelando  até desaparecer pela terra
E cada momento que se passa 
Eu vou vivendo
Cada instante que se passa eu vou morrendo
No chão que eu piso
Na terra que eu caminho 
Nesta terras que pisarei 
Nesta terras que morrerei


autora: Isabel van Gurp













quarta-feira, 18 de maio de 2011

DISLEXIA, uma história e vários relatos

DISLEXIA





Um depoimento que eu fiz na comunidade Gravida e Mamãe na Holanda. 


Eu também quero deixar meu relato aqui que não tem nada haver com a otite mas no começo havia uma possibilidade de ser....
Minha filha Stella até os dois anos não falava   nada ou quase nada. É por causa do seu atraso na fala ela pode ir para o peuterspeelzaal um pouco mais cedo e também três vezes por semana. Nesse período ela já era acompanhada pela Fonoaudióloga e pelo Audiocentrum (um consultório aonde as crianças são testadas a surdez ou outros problemas como da fala) na Holanda. Enfim, conforme o tempo foi passando ela foi fazendo teste de audição (audiometria) para revelar alguma deficiência , e ela passou por vários especialistas. E todos os testes ela conseguia tirar de letra sem nenhuma indicação de anormalidade na audição, fora o atraso de fala seu desenvolvimento seguia normal e até acima da média. Ela já não usava fraldas antes dos 2 anos (a noite também), antes dos três ela pedalava sem rodinhas, antes dos 6 anos ela tinha todos os diplomas ABC de natação. Mas,  o seu progresso na fala continuava muito lento.
25 fev 
excluir

invisível Isabel Cristina

No mesmo tempo a escola decidiu indicar Stella para CLUSTER 2 ou seja rugzak (CLUSTER  2 E RUGZAG SÃO ORGANIZAÇÕES QUE AJUDAM CRIANÇAS COM PROBLEMAS DE APRENDIZADO)  Mais baterias de testes foram feitos. Até a Stella receber o rugzak houve algumas melhoras no seu progresso tanto na leitura e quanto na fala mas os erros de gramática e pronuncia persistiam.
Bem, Stella tem o rugzak já quase um ano. Ela esta no grupo cinco sem ter repetido ano. Provavelmente ela vai para o grupo 6 no próximo ano.. Ela continua tendo erros na leitura, escrita e soletração.. Um belo dia conversando com uma amiga holandesa que tinha descoberto que seu dois filhos são disléxicos, ela me contou o que era afinal a  dislexia. Nesse dia acendeu uma luz....uma luz no túnel. Corri para Internet e fui procurar todos os sites sobre dislexia tanto em português quanto em holandês. Depois, ter lido e relido sobre o assunto descobrir que não só a Stella é disléxica que eu também sou....
A minha luta ainda não acabou porque a escola nega dar indicação a Stella para fazer o teste de dislexia porque ela é um rugzak kind. Meu marido prefere deixar a situação como esta porque ele acha que a Stella vai superar todos os problemas. Ele não quer rotular Stella. Mas, esse teste só vai ajudar ela no futuro. Porque você não esta disléxica...voce é disléxica. Não é uma doença, mas não existe cura. Mas, sim por ter avanço com ajuda apropriada.
25 fev 
excluir

invisível Isabel Cristina

Eu fiquei meia revoltada com toda essa história porque todos os especialistas e a escola (incluido a cluster 2 ) que a Stella passou nenhum nenhum deles sugeriu ou indicou a palavra dislexia ao seu problema. Preferia colocar a culpa na mãe estrangeira.
Eu decidir fazer uma carta para escola, para fono e para pessoa que acompanha Stella com rugzak lamentando o fato dela não ter feito ainda o teste para dislexia.
Quando eu estava escrevendo meu relato, por várias vezes eu tive que parar para chorar....porque é muito difícil, a história da Stella da minha filha é a minha história....




A criança que é disléxico ela é muitas vezes considerada burra, sofre todos os tipos de brincadeiras de mau-gosto isso vai acompanha-la para os resto da sua vida.

 DISLEXIAhttp://www.dislexia.org.br/


Encontrei um trabalho muito interessante sobre dislexia

http://repositorio.esepf.pt/bitstream/handle/10000/372/TM-ESEPF-EE_MFernandaEstrela.pdf?sequence=1
DISLEXIA E POESIA

Roman Jakobson, em “Lingüística e Poética”, levanta a hipótese de que a dislexia pode estar na base de toda criação poética. Infelizmente, que eu saiba, não desenvolveu mais profundamente o tema. 

Muitos gênios da humanidade são tidos como disléxicos: Agatha Christie, Albert Einstein, Auguste Rodin, Charles Darwin, Hans Christian Anderson, Leonardo da Vinci, Lewis Carroll, Mark Twain, Michelangelo, Picasso, Rafael, Francis Bacon, Thomas A. Edison, Vincent Van Gogh, Walt Disney, William Butler Yeats. Não há provas, ninguém pôde estudá-los cientificamente. Mas é um belo consolo, diria mesmo que é um formidável estímulo.

Quando adolescente, levado por uma – esta sim! – formidável dificuldade de aprender, me auto-diagnostiquei como disléxico e pus-me a fazer uma série pesada de exercícios de dicção. Certo ou errado, o fato é que deixei de ser o estúpido da turma e passei a ser um dos primeiros ou, quando queria, o primeiro. Ao mesmo tempo, tornei-me, ou descobri-me, poeta. 

Poderia ser o fato de ter sido alfabetizado em escolinha de sítio que retardou meu desenvolvimento, mas a mudança abrupta que se operou em mim, mal descobri a linguagem, foi surpreendente. Não é feita de palavras vazias, apenas grandiloqüentes, a frase: “Quem descobre a linguagem, descobre o mundo.”

Descobri o mundo e a poesia. O poeta pensa por imagens, como o disléxico. Muitas vezes quero escrever “coisa”, e escrevo “ciosa”, troco “alma” por “lama”, “corpo” por “porco”. Muitas vezes as letras embaralham-se tanto que não consigo decifrar o que digitei. São inescrutáveis os caminhos da criação de uma imagem. Esse poderia ser um. Há muitas imagens que me vêm, claramente, desse embaralhar de letras ou fonemas. 

Não é famosa a escrita espelhada de Leonardo da Vinci? O espelhamento é característica da dislexia. Quando Michelangelo – disléxico e poeta como Leonardo da Vinci – ergueu o martelo contra o joelho de Davi, gritando-lhe: “Fala!”, estava dando-nos um índice da perfeição de sua arte, que só faltava falar, mas também outro índice, cifrado, da sua dificuldade de linguagem, de sua dislexia – tão criativa. Rodin era outro escultor obsessivo com a perfeição, como se quisesse fazer suas figuras falarem, como se o seu “Beijo” beijasse ou o seu “Pensador” pensasse. O “Pensador” é um ser que faz um esforço ingente para, justamente, pensar. Rodin estaria se auto-retratando como disléxico. 

São famosos os poemas de Lews Carrol, intrincados jogos verbais de alguém que esculpe com a linguagem, à procura da forma – o que a maioria dos poetas faz mais discretamente, como se não quisessem revelar a gênese de sua técnica, seu cérebro que pensa diferente. Van Gogh criou uma nova cor, descobriu tonalidades diferentes, na ânsia de retratar a sua maneira diferente de ver, que poderia ser a de um disléxico. Picasso, quando pintou as “Demoiselles d’Avignon” não estava apenas inaugurando uma nova forma de arte, o Cubismo, mas também a maneira de ler – quem sabe dislexicamente – a realidade. 

A dificuldade de Einstein para aprender não era apenas a de um disléxico que ainda não descobrira como usar criativamente o seu cérebro? Lembram-se do “estalo” de Vieira? O “imperador da língua portuguesa”, como o chama Fernando Pessoa, apenas descobriu a linguagem. A “Descoberta do Mundo” de que fala Clarice Lispector – que tinha a língua presa! – não é mais do que a descoberta da linguagem. 

Orfeu desceu aos infernos porque a sua arte tinha beleza divina. Dante Alighieri, o criador da língua italiana, clareava as sendas por onde o seu cérebro viajaria quando criou o seu “Inferno”, lembrando-nos de que o artista é um condenado à beleza, por maiores que sejam as suas limitações. Rodin em sua obsessão perfeccionista não terminou o portal do Inferno, que o levaria ao próprio Inferno. Rimbaud, mais um atormentado, também foi a “Uma estação no Inferno” quando arrebentou as válvulas da linguagem, criando a poesia moderna. 

Vou mexer com o meu amigo Vitor Martinello, o poeta de Bauru, que inventou uma instigante e crítica e lúdica “Lixeratura” arrombando os diques da linguagem como um menino que desmonta um relógio para ver-lhe as entranhas e descobrir-lhe a mágica. Não é outra a lição de Manoel de Barros, que, com os seus 91 anos de idade, continua arrombando as entranhas das palavras, virando-as do avesso para descortiná-las em sua forma virginal, larvar, paradisíaca, isto é, encantada. (Não estou dizendo que o Vitor seja um gênio, não exagero tanto; talvez, como eu, não apresente sintomas nem de dislexia.)

A dislexia é uma bênção e um tormento. Como a poesia, como a genialidade, não vem no mesmo grau, não atormenta igualmente, mas dá frutos. Não é preciso amaldiçoá-la porque nos atrapalha a vida. Pode estar nos abrindo caminhos maravilhosos para uma vida mais criativa. A intuição do criador pode ser muito bem um estalo de gênio – disléxico.
Jose Carlos Brandão

FELIZ ANO NOVO

Eu quero desejar à vocês, a todos os  brasileiros na Holanda e aos brasileiros que vivem em algum lugar fora do Brasil uma década, um  século com muitas realizações, alegrias, saúde, que nós podemos aprender a cada dia uma lição nova nas nossas vidas, que este aprendizado faça de nós pessoas melhores, seres humanos melhores. Porque, a felicidade ela não vem pronta, ela se conquista, a felicidade é um conjunto de reconhecimento que a vida nos oferece, que muitas vezes passam sem ser percebidas...é só reconhecemos o seu valor quando perdemos.
Como viver na Holanda, e perceber que o sol é importante (quando nós vivíamos no Brasil....não tínhamos esta ideia) Que o feijão, o bacalhau, a comida da mamãe, o choppinho no bar, a conversa com as amigas e os amigos na rua, no trabalho, no trem era tão importante como falar português....essas pequenas coisas que agora nós sentimos falta....
As vezes, eu fico triste....eu gostaria de voltar ao passado, gostaria de voltar ao meu emprego, voltar a minha vida no Rio, jogar cartas com os amigos, desfilar no Cacique e participar das lutas sindicais....Mas, não tem volta...eu tenho filhos nascidos aqui, eu tenho um marido...Aqui, eu tenho que viver e por isso a minha vida é aqui...Eu escolhi para viver aqui...sem feijão, sem os dias de sol (40 graus), sem bate papo com as minhas amigas e com uma eterna saudade....Mas, com saúde, com dois filhos lindos, e com um marido que me ama, e com as novas amigas que conheci aqui...Porque a vida continua. Você tem que oferecer  o melhor para receber de volta carinho e amizade.  
FELIZ TODOS OS DIAS  PARA VOCÊS E SEJAM FELIZES SEMPRE!!!!!!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

NÃO TE ESQUECI - 1979






A única coisa que eu sei 
Que me protege 
Que me sustenta
Que me levanta
Que me busca
Que eu  não te esqueci 
Por tanto tempo ou em algum tempo
Alguns anos
Eu sei que não te esqueci 
Não sei se isso é sano
Penso em ti
Só eu sei
Que eu não te esqueci
Você vive em mim
Esta saudade é a minha bandeira
levantada  no ritmo da minha vida
E sustentada através da distância 
Foi armazenada no pote de  recordação
E meu motivo para viver
Eu não sei viver sem você
Se eu existo é por você
 Eu tenho você dentro de mim
A única que eu sei
Que me faz viver
E que eu não te esqueci
Recordações tão claras
Você é o  sonho que eu quero
Voltar a dormir para continuar sonhando de novo
Isso  me faz tão  bem 
Me traz carinho e amor 
E nos momentos de solidão
Você está sempre comigo
Na alma, nos pensamentos, nos sonhos....
Eu sei
A única coisa que eu sei
Que não te esqueci



Autora: Isabel van Gurp


















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