terça-feira, 12 de setembro de 2017

Filha minha



💞 Filha Minha

Filha minha,
Que brinca de imagem,
Da cor do reflexo do meu ventre.

Iluminas minha alma,
Enriqueces meu espírito.

Aprendo, todos os dias,
Que não és minha
Mas sim uma parte de mim.

E que, um dia, partirás
Seguindo o teu caminho,
Que eu espero que seja feito
De doses de amor e carinho.


Filha minha,
Queria te deixar numa redoma de vidro,
Longe das tempestades da vida,
Da incerteza da felicidade,
Segura no porto.

Mas isso é impossível — eu aprendi.
Porque navegar é preciso.


Filha minha,
Sinto que, a cada dia,
Partes um pouco.

Como um segmento esférico,
Avanças em tua trilha,
Sobre os paralelepípedos
Que tento lapidar
Como pedras de diamante
Para tua passagem.


Filha minha,
Olho para ti e penso:
Que mulher te tornaste!

Queria que ficasses para sempre
Aquela princesa de cetim e laços,
Que um dia eu segurei no colo,
Amamentei,
Ninava com palavras,
E dormias como anjo
Nos meus braços.


Filha minha,
Eu sei...
Não sou dona do teu destino.

Mas dentro de mim
Está a mulher
Que sempre será tua mãe.

E em todos os momentos da tua vida,
Terás no meu abraço
E no meu amor
A eternidade de uma paixão infinita.

E se precisares,
Dou minha vida por ti.


Filha minha,
Não hesitarei um só segundo.

Mas por ora…
Eu já conheço a tua resposta:

— “Não é preciso, mãe.
Eu sei me virar sozinha.”

— Minha filha... eu entendi.


Autora: Isabel van Gurp


terça-feira, 5 de setembro de 2017

A lua


A Lua

















🌙 A Lua


Na lua que eu me entreguei,
ela era branca e singela.
Voavam fadas
em torno dela.

No luar que eu amei,
sob uma noite estrelada,
com as Três Marias
caminhando lado a lado...

Havia uma lua cheia
e, na sua orla,
o reflexo do brilho do sol dourado
ainda lançava sobre ela
a cor amarela,
que é ouro
e traz felicidade.

A cor vermelha,
que é paixão
essa, eu sentia na minha carne.

O calor que queimava meu corpo
era alucinante.
Vinha de uma fonte de luz
que acende o coração
como uma vela.

Nas noites de lua cheia,
as sereias cantarolavam ao luar,
tão singelas... tão belas.
Os cometas riscavam o fogo na atmosfera.
E eu ardia de amor naquela noite:
como uma loba,
como uma fera.

No luar
em que me entreguei,
fui levada às nuvens.
Conheci o céu.
Seguindo o caminho das estrelas,
encontrei o Cruzeiro do Sul.

Mas, mesmo assim, me perdi
de desejos,
de emoção.
E a cada estrela cadente
que cortava o céu,
eu fazia um pedido:

— Que essa noite não terminasse jamais,
antes de eu chegar ao paraíso.

Eu ainda estava voando pelas nuvens...
nas nuvens por onde viajei
havia o reflexo da luz solar de Vênus.
E ali… eu amei.

Foi nesta noite que conheci os astros.
Encontrei o fim do arco-íris
com o pote de ouro.
Afortunada,
na luz da lua,
como Selene,
que vigia o céu
e guarda os amantes.

Presenciei o eclipse lunar.
Vi a lua penetrar totalmente
na sombra da Terra.
E, assim como ela,
fui desvirginada
por um amor escaldante.

Senti meu corpo sendo levado
pelos deuses.
E, assim, toquei as estrelas,
passando pelas nuvens,
me sentindo amante.

Na lua que eu me entreguei,
eu cheguei aos céus
com um cavaleiro andante.



autora: Isabel van Gurp

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