quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Bailarina




N’alma flutua
Uma menina,
Que reflete,
No espelho,
Uma mulher.

Na imagem,
Dança
Uma bailarina
Que move os pés
Em círculos
E deixa o corpo voar
Sem sair do chão.

Faz gestos suaves,
Dá piruetas,
Roda em giros
Que voltam para si.

Em cada passo,
Um retorno ao centro.
Em cada volta,
Um pedaço de sonho.

E com um simples sorriso,
Levanta-se
Para os aplausos

Do sucesso,
Do sonho,
De uma menina
Que ainda não saiu
Do seu mundo
E, tampouco,
Do seu quarto.


Autora: Isabel van Gurp

 

Pedras no caminho




Há pedras no caminho.
Sim, muitas pedras.

Encontramo-las no correr dos dias:
Algumas, arremessadas contra nós;
Outras, a favor.

Elas nos desmontam,
Nos ferem, nos magoam, nos aniquilam.
Reze uma Ave Maria.
Guarde-as.

Algumas batem e retornam,
Outras permanecem,
Outras se desfazem com o tempo.

Há pedras que são lavas
Explodem como vulcões em nossas vidas.
Em sua passagem, erguem escudos e pavores.
Reze uma Ave Maria.
Guarde-as.

Algumas desviam caminhos,
Outras, em metamorfose, geram saber.
E muitas, semeiam o conhecer.

Dentro do ventre, tornam-se crias.
E, por conceber, acolhem.
A semente germina:
Um novo ser se desenha.
Dissemina, entremeia.

Nos seios, transforma-se em pedras de leite
Banquete de vida
À boquinha faminta que amamentarás.
Guarde-as.
Reze uma Ave Maria.

As pedras que são lapidadas
Transformam-se em brilhantes.
As mais preciosas são dádivas da natureza:
Do nascimento ao envelhecimento,
Lapidadas pela vida,
Até tornarem-se diamantes eternos.

As pedras vêm e vão.
Não importa se jogadas, colhidas, plantadas,
Brotadas ou ofertadas.

Jamais atires a primeira pedra.
Reze uma Ave Maria.
Guarde-as.
Cada uma delas.

Com elas construirás fortalezas
E talvez, um império.

Guarde uma a uma.
Pois são joias raras.
Mesmo aquelas que queimam sua pele,
Que chegaram como poeira, gás, cinza ou areia.

Guarde-as.
Sê alquimista:
Com navalha fina, esculpe diamantes.
Transmutado em sabedoria.

Minhas pedras
Todas as que encontrei
Guardo-as em minha galeria.

Pois será com elas
Que construirei meu castelo.

Enquanto isso, rezo:
Uma Ave Maria.


Autora: Isabel van Gurp


Lençois










Me entrego entre seus lençóis.
Me sinto mulher
No aconchego dos seus braços.

Me sinto romântica com suas palavras,
Viajo de prazer pelos seus toques,
Me rendo aos sonhos.

Deixo minha alma
Lavar-se de alegria,
Sem pedir água
Para matar a sede.

Entro no labirinto
Sem medo de me perder,
Sabendo que não há saída
E nem volta.

Sem dor,
Sem lágrimas.
Caminho por uma trilha
Sem marcar o espaço,
Sem medir o tempo,
Sem contar as horas.

Mas sabendo —
Que a paixão
Vai me tornar
Serva e amante,

E que vou me queimar em febre
Quando você for embora.


Autora: Isabel van Gurp






Redentor





Se sol brilha

Cristo Redentor resplandecer

Com raios que passam pelo corpo celeste

E o Rio que navega engrandece


Nas nuvens entre o céu e terra

Cristo na minha cidade ondula nelas

Surfar como um menino do Rio

Nas ondas do mar e na capela


Em noites escuras

Cristo brilha com as luzes

Levando a cada  beco a divindade

Para irradiar uma estrela

Os pontos negros da minha cidade


Não posso esquecer

Nas noites com luar segue uma miragem

O clarão da luminosidade

Paira na imagem


Dando a vida a tradição

Estátua que perpetua o seu corpo

Esculpido pelas mãos de um artista

Protagonizando alma e a perfeição


Que cada um

De nós olhamos de algum lugar

Sentimos tocados pelos seus braços abertos

E protegidos pelo sentimento do amor

Essa imagem que se espalhou pelo mundo

Em um só esplendor




Autora: Isabel van Gurp


Colaboradores