Há pedras no caminho.
Sim, muitas pedras.
Encontramo-las no correr dos dias:
Algumas, arremessadas contra nós;
Outras, a favor.
Elas nos desmontam,
Nos ferem, nos magoam, nos aniquilam.
Reze uma Ave Maria.
Guarde-as.
Algumas batem e retornam,
Outras permanecem,
Outras se desfazem com o tempo.
Há pedras que são lavas
Explodem como vulcões em nossas vidas.
Em sua passagem, erguem escudos e pavores.
Reze uma Ave Maria.
Guarde-as.
Algumas desviam caminhos,
Outras, em metamorfose, geram saber.
E muitas, semeiam o conhecer.
Dentro do ventre, tornam-se crias.
E, por conceber, acolhem.
A semente germina:
Um novo ser se desenha.
Dissemina, entremeia.
Nos seios, transforma-se em pedras de leite
Banquete de vida
À boquinha faminta que amamentarás.
Guarde-as.
Reze uma Ave Maria.
As pedras que são lapidadas
Transformam-se em brilhantes.
As mais preciosas são dádivas da natureza:
Do nascimento ao envelhecimento,
Lapidadas pela vida,
Até tornarem-se diamantes eternos.
As pedras vêm e vão.
Não importa se jogadas, colhidas, plantadas,
Brotadas ou ofertadas.
Jamais atires a primeira pedra.
Reze uma Ave Maria.
Guarde-as.
Cada uma delas.
Com elas construirás fortalezas
E talvez, um império.
Guarde uma a uma.
Pois são joias raras.
Mesmo aquelas que queimam sua pele,
Que chegaram como poeira, gás, cinza ou areia.
Guarde-as.
Sê alquimista:
Com navalha fina, esculpe diamantes.
Transmutado em sabedoria.
Minhas pedras
Todas as que encontrei
Guardo-as em minha galeria.
Pois será com elas
Que construirei meu castelo.
Enquanto isso, rezo:
Uma Ave Maria.
Autora: Isabel van Gurp
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