domingo, 25 de janeiro de 2015

Navegando







Envolta do vento

Deixo a areia passar
pelas minhas mãos.

No redemoinho do tempo,
a vida escorre pelas hélices
que giram nos ponteiros dos relógios.

São horas que marcam momentos,
a navegar em cada espaço,
em rotas que se abrem 
noite e dia,
treva e claridade.

Com a bússola, oriento meu destino;
entre estrelas, sou capitã da essência,
traçando caminhos sobre mares incertos.

E nos dias tempestuosos,
lanço a âncora
para que meu barco não afunde.
Permaneço em porto seguro,
olhando o mar,
olhando o céu.

É então que compreendo:
aprendi a navegar pela vida.



Autora: Isabel van Gurp








sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Orvalho


As gotas, 

Em pontas,
nas contas,
em gotículas
são orvalhos
que descem do céu,

nos burburinhos da madrugada,
serenos, cinzas, geadas.

São águas em lágrimas,
chuviscos em segredo,
silêncio que rega,
sabor que brota,
canto que cai.

Molham a terra,
sem cheiro,
mas cheias de sentido.

As gotas,
em pingo,
em garoa,
nas caladas da noite,
se tornam chuva,
se tornam vida.

Caem em gotículas,
viram orvalho,
regam a rama,
renovam a seiva,
acendem a esperança.

As gotas,
em pontas,
nas contas,
em gotículas,
são orvalhos
respirar de Jeová
na pele da terra.



Autor: Isabel van Gurp





                                          

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Ventania




Furacão de Vênus

Que a poesia se transforme em vento,
não numa brisa leve,
mas num vendaval arrasador,
com a velocidade surreal
de um furacão devastador.

Que o pé de vento
leve a palavra amor nas suas andanças
e, com a força de uma tempestade,
destrua o ódio,
em ebulição, abalador.

Na rotação de mil ciclones
toque os corações
com a palavra suave.
Que as poesias flutuem,
espalhando-se como canto no ar.

Que os poemas se encaixem nas trovoadas,
soltem faíscas, raios,
e, nos ares, voem sorrisos
em massas de ar felizes,
alvoroçadas.

Derrubando todas as barreiras do desamor,
devastando o desalento,
a arrogância, a desumanidade,
a solidão, o ódio, a desunião
enfim, tudo o que não deveria
existir nos corações.

Chamem este furacão de Vênus,
que voa pelos ares,
agitando a atmosfera com violência,
acabando com todas as guerras
entre os povos da terra.

Lavando, com as águas do temporal,
o ódio que se espalha
como erva daninha
entre homens e mulheres,
e deixando a paz no sorriso
simples de uma menina,
nas ruas, nos lares.

Que a poesia se torne uma arma
na luta da vida,
que os versos sejam repletos
de união e rima,
que os discursos de paz ecoem
como oratórios em poemas,
e que o respeito gire, turbilhonado,
em movimento de amor.

Que se espalhem pelo mundo,
pela terra, pelos corações,
até que todos se tornem
Poetas e Poetisas.

E que o furacão Vênus
permaneça voando nos ares,
em ventania,
em furor,
em eterno furacão.



Autora: Isabel van Gurp







Fotos de Amsterdam  seus canais e bicicletas
Os cadeados de amor nas pontes
Com nomes dos apaixonados e suas chaves jogados nas águas dos canais