quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Nos Meus Contos

Em contos
Se tua alma soubesse,
jamais me entregaria tua vida.
Nem teu destino.
Nem teu coração.

Não te confesso:
mal te mereço.
E menos ainda, sou inteira.
Me escondo atrás de mil mentiras,
me visto de ilusão
pra ser alguém
que nem eu reconheço.


Em contos
crio rostos que não são meus,
sorrio com máscaras que colorem
minhas verdades escondidas.
Só o meu amor é real
esse, te entrego em fervor
e em segredo.

Construí devaneios,
castelos de névoa,
caminhos de fumaça
só para te ter.


Em contos
sou feliz entre espelhos partidos,
até que a verdade venha à tona.
E se souberes me perdoar,
talvez essa mentira
se torne casa,
sem ressalvas,
sem remorsos.

Apagaria meu passado efêmero,
me reescreveria em ti.
Mas as ciladas me acham
dizem que a mentira tem pernas curtas.
As minhas correm, se multiplicam.


Em contos
fantasio ilusões com medo,
mas te faço feliz.
E isso me basta.
Até quando,
não sei...

Sou o ser que tu imaginas
não sou eu,
mas quem eu queria ser.


Em contos
me construí em emboscadas doces,
me perdi no sonho de amor
que achei merecer.
Fui tão longe…
por ti,
me desfigurei em personagem.

Mas castelos caem.
Sopros vêm.
E tudo voa.


Em contos
os pesadelos me cercam,
te vejo partir.
Meus medos me acordam
a cada noite nos teus braços.

Temo teu perdão,
pois fui longe demais.
Te enganei sendo quem eu não sou.


Em contos
te fiz viver com alguém inventado.
Mas entre todas as mentiras,
uma verdade nasceu 

Meu amor.


E se um dia,
quando souberes quem fui de verdade,
ainda assim me ouvires,
lembra-te:

Essa foi a única verdade
que eu te contei
nos meus contos





Autora: Isabel van Gurp






















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