quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Passaporte



Terra à Vista: Poema de Quem Parte, Poema de Quem Fica

"Desembarcar não é apenas pisar em solo novo,  é soltar âncoras invisíveis e navegar por dentro de si."



Somos Nós Aqui

Somos nós, aqui,
Com passaporte,
Com nomes e fotos,
Na busca de uma identidade
Chamada eu.

Somos nós, ali,
Longe de quem amamos,
Separados pelo oceano,
Distantes dos meus
E indiferentes dos seus.

Estamos aqui.
Caí na fonte doce que brota saudade,
Que chora em rios
E transforma esse pingo d’água
Na lágrima que queima os olhos,
Escorre antes de ser crua,
Antes de ser meu, o soluço,
Lacrimejando em mar,
Na ebulição das lagoas,
No vai e vem das ondas em fúria,
Levado por uma canoa...

Que me cerca em ilhas,
Dentro de mim mesma.
Preciso navegar.

Somos nós que tentamos ter.
Nós que queremos crescer,
Quem sabe, entender.
E sem pedir muito,
Oscilamos no dia a dia
Do nosso viver.

Conhecemos nossos limites,
Superamos, reencontramos larvas,
Esbarramos nas ruas
Que formam grutas
Dentro do nosso ser.

Profundamente, o desconhecido:
Amamos.
E muitas vezes: odiamos.

Dentro das nossas cavidades,
Sai de nós um pouco do eu,
Que parte para sempre
Numa viagem sem guia.
Uma partida do porto.
Nós e nós — nos refazemos
Em nossas histórias,
Desfazendo pontos,
Sem esquecer de onde viemos.

Altruístas no estado de ser,
Enfim, filantrópicos para sobreviver.

Olhamos este mundo
Sempre um leque.
Com nossas vozes, assopramos.
Com toque estranho,
Acenamos com o vento.

E o xeque-mate de um soldado de papel,
Que marcha...

Enfrentamos diferenças
Com aprendizado de criança,
Aprendendo a falar em silêncio.
Buscando o tal do sucesso,
Reinventamos histórias.

Entre as mãos, criamos calos,
Na busca do acerto
E do acento.
Um pouco a mais,
Com vírgulas a menos.
Sem ponto final.

A esperança
É o olho da felicidade
Que acalma os prantos.

E os navios partem,
Em águas turvas.
Desembarco, enfim, em oceano
Que me separa da minha pátria.

Terra à vista.



Autora: Isabel van Gurp















































quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Alegro

Alegro 

Uma visita ao lindo museu de Brabant na cidade  DEN BOSCH – Het Noordbrabants e com exposição
‘Vincent uit de doeken – Hoe Van Gogh beroemd werd’ in Den Bosch como o Vicente van Gogh ficou conhecido em Den Bosch.



Alegro-me

Existe uma lágrima no canto dos olhos
Que ainda não secou diante da vida,
Nem da perda da esperança
Que flora diante da existência.

Alegro-me com a persistência.

Existe um sorriso no olhar triste
Que ilumina o ser com palavras e amor,
Que faz valer o sofrimento.
Aprendemos, nós, com a dor.

Alegro-me com a esperança.

Está no papel,
Entre as linhas, escrita à mão,
Jogadas em versos
As palavras que nascem da vivência.

Alegro-me com a poesia.

Existe uma luz que brilha na noite,
E se chama estrela —
É a certeza de que tudo passa
Quando um novo dia nasce.

Alegro-me na alvorada.

Porque eu sei que sou poeta,
E todas as tristezas
Transformo em poesias.
Canto as lágrimas
Em versos e prosas.

Alegro-me em cantar.

Eu sei que a vida é feita
De derrotas e vitórias.
E com elas aprendemos
A ser felizes e tristes,
Escrevendo as nossas próprias histórias.

Alegro-me com o livre-arbítrio.

Por saber que a vida é um presente
Que eu recebo todos os dias,
Entre lágrimas e sorrisos,
Na glória de simplesmente ser.
Porque viver  é uma vitória.

Alegro-me com o pôr do sol.


Autora: Isabel van Gurp




















































Aqui estão alguns modelos que foram criados através das obras do Vicente van Gogh 
















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