Quando a lua aparece
Ao entardecer,
Jaci teus olhos posso ver.
Caminhas com Jaxy-tata,
Entre as estrelas silenciadas.
O brilho de Ira ainda era ofuscado
Pela claridade nos céus.
Ainda se sente Kuara,
Que queima a terra.
Reina como Nhanderu (Nhandejara),
Ao berrar sua cor amarela.
Akã aoi no infinito do oceano
Nasce uma aquarela.
Âmbar escurece aos poucos.
A cada onda,
Joga um pingo de mauá do mar
Nas cores do katu re.
Pacientemente,
A noite cai sobre os céus.
O brilho das estrelas resplandece: héré!
Ouvia-se a dança dos pássaros,
Voavam com suntuosidade,
Gritavam: "Guyra! Guyra!"
Obedecendo um ritmo arrebatado.
Gruíram entre os bicos,
Entrelaçados em V.
Disse Jaxy Pyau:
— "Aguardo com dignidade o rei partir."
Quem é Jaxy Pyau?
É a lua, em guarani.
A lua de Iracema.
Ira de mel,
Que de longe vê o espetáculo.
Yvate!
Quando o sol sorrateiro se põe
Na Yvy (terra),
O pajé reza em silêncio.
Iacina risca o céu e a terra.
Amba e Yvy contam conchas.
Como um perfeito ava,
Tenta impressionar a eterna menda va’ê-rã,
Assoprando purpurinas douradas sobre a terra.
Joga cores com seus raios,
Colorindo a imensidão com sua energia.
Já se vê o arco-íris,
Envermelhando os mares com seu brilho indomável.
Aumenta os volumes d’água nos rios,
Canta Iguaçu,
Sacode as ondas com sua densidade.
Tão magnífico que coroa as montanhas
Na hora da partida.
Da vida…
Louva-se a karugua.
Sabe que os encontros com sua amada
Acontecem em eclipse:
Em segundos que são eternos,
Em distâncias não contadas,
Em raios de léguas.
A lua está lá,
Vendo sua partida,
Seu momento de a-iko a-ha iteko.
Mais uma vez,
Kuara paira entre as nuvens.
Assopra cumbica,
Afasta-se delas.
E novamente,
A lua sorri.
Está entre as estrelas,
Para que o dia possa raiar para Aracy.
Ko’êgue, Ko’êgue!
Gritam os deuses curumins:
Aracê! Aracê!
Autora:
Isabel van Gurp ✨
(voz de lua, de terra, de mulher ancestral)
Vocabulario em guarani:
Terra Yvy
Ira Mel
Lua Jaxy
Lua Nova Jaxy pyau
Céu Ambar
Homem Ava
O que é elevado Mauá
Sol Kuara
Pássaro Guyra
Asas douradas Iacina
Louvar aos Deuses karugua
Deus Nhandejara
Partir Jeka
Estrela Jaxi tata
Crianças Curumins
Adeus A-iko a-ha iteko
Iacina Asa dourada
Aracê Aurora
Aracy Amanha do dia
Nuvem Cumbica
Noivo menda vaérã
Do alto Yvate
Terra Yvy
Estrela cadente jaxy tata o Va va'e
Jaci ojechau ára pytũme | Quando a lua aparece ao entardecer |
Jaci, ne resa ahecha | Jaci — teus olhos — posso ver |
Oguata Jaxy-tata rehegua | Caminha com Jaxy-tata |
Yvoty osapukái hendyháme | Entre as estrelas silenciadas |
Ira rendy ohesape ko'ãga | O brilho de Ira ainda era ofuscado |
Kuara oñandu gueteri | Ainda se sente Kuara |
Ohykuavo yvy rehe | Que queima a terra |
Ñandejára ha'e | Reina como Nhanderu (Nhandejara) |
Ipytũmba ipeju sa'yju | Ao berrar sua cor amarela |
Akã aoi paraguasu kuarahy | Akã aoi no infinito do oceano |
Oñemoheñói peteĩ sái | Nasce uma aquarela |
Ámbar ipytũ sapy'aitépe | Âmbar escurece aos poucos |
Mar rehegua maua ojaho’i | Cada onda lança um pingo de mauá do mar |
Katu re sa'y ojapo | Nas cores do katu re |
Pyhare og̃uahẽ porãite | Pacientemente, a noite chega ao céu |
Mbyja rendy hendy jey | O brilho das estrelas resplandece: héré! |
Guyra oñani roryhápe | A dança dos pássaros voa com suntuosidade |
“Guyra, guyra!” osapukái | Gritavam: “Guyra! Guyra!” |
Ipu, hyapu, ojopói ñe'ẽrehe | Obedecendo um ritmo arrebatado |
Ha'eño iñe'ẽme opurahéi | Gruíram entre os bicos |
V rehegua oñeñapytĩ | Entrelaçados em forma de V |
He'i Jaxy Pyau: | Disse Jaxy Pyau: |
"Che ahecháta mborayhu guasu rehe" | “Aguardo com dignidade o rei partir.” |
Jaxy Pyau — jasy héra guarani-pe | Quem é Jaxy Pyau? É a lua, em guarani |
Iracema rehegua guarani | Guarani de Iracema |
Ira de mel ohecha mombyry guive | Ira de mel, que vê o espetáculo de longe |
Kuarahy oñemi jey yvy rehe | Quando o sol sorrateiro se põe na Yvy (terra) |
Paje oñembo'e kirirĩhápe | O pajé reza em silêncio |
Iacina ohasa yvágape | Iacina risca o céu e a terra |
Amba ha Yvy ohupyty yvytĩ | Amba e Yvy contam as conchas |
Ava ojapo hechapyrã rehegua | Um perfeito ava tenta impressionar sua amada |
Menda va'ê-rã gueteri | A eterna menda va’ê-rã |
Okarãi pirapire sa'yju | Sopra purpurinas douradas à terra |
Omoheñói sa’y hesakã rehegua | Joga cores com seus raios |
Omoatyrõ yvágape hesakã | Colorindo a imensidão com sua energia |
Arco-íris ojapo ichupe | Já se vê o arco-íris |
Hovyũ mbaretépe osyry | Envermelhando os mares com seu brilho indomável |
Ysyry hetave rehe | Aumentando as águas dos rios |
Iguaçu opurahéi | Canta Iguaçu |
Onúnu y rehe | Sacode as ondas com sua densidade |
Yvyty ojeguerekóva ijysaja rehe | Coroa as montanhas na hora da partida |
Karugua oñembojerovia | Louva-se a karugua (força ancestral da terra) |
Mborayhu jojaha rehegua | Os encontros com sua amada acontecem em eclipse |
Araka'eve, sapy'a, ikatu e’a | Em segundos que são eternos |
Mombyry ndaijojáiva | Em distâncias incontáveis |
Kuarahy og̃uahẽ jey | O sol retorna mais uma vez |
Oheja ñu guasu pytu rehe | Paira entre as nuvens, sopra cumbica |
Jasy opuka jey | A lua sorri novamente |
Mbyja apytépe oñemoĩ | Volta ao meio das estrelas |
Ára pyahu og̃uahẽ Aracy rehe | Para que o dia nasça para Aracy |
"Ko’egue! Ko’egue!" osapukái mitã ra’y kuéra | “Ko’êgue! Ko’êgue!” — gritam os deuses curumins |
“Aracê! Aracê!” | “Aracê! Aracê!” |
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